Hoje vamos falar sobre como o home office pode influenciar na perda de criatividade. Começaremos explicando o conhecido caso de fracasso da New Coke.
Roberto Goizueta foi o executivo que comandou a Coca-Cola nas décadas de 80 e 90. Seu maior erro enquanto esteve à frente da Coca-Cola foi o lançamento da New Coke em 1985.
Tudo começou quando a Pepsico havia iniciado uma campanha publicitária agressiva mostrando blind tests reais nos quais um participante aleatório era vendado, provava um gole de Coca-Cola e um gole de Pepsi-Cola e depois dizia qual sabor preferia. A esmagadora maioria dos participantes preferia Pepsi-Cola.
Então, Goizueta decidiu alterar a fórmula da coca-cola, deixando-a mais açucarada e chamou o novo produto de New Coke.
A New Coke foi um fracasso: houve uma onda de processos movidos por engarrafadoras independentes, represálias na opinião popular e recordes de reclamação nos serviços de SAC. Como resultado, em apenas alguns meses, a fórmula original foi reintroduzida no mercado com o nome de Coca-Cola Classic.
O livro Blink, escrito por Malcolm Gladwell, faz uma análise post-mortem do fiasco. De acordo com Malcolm, os blind tests não refletiam a experiência de consumo da vida real – nos primeiros goles, os consumidores de fato preferem o sabor mais açucarado, mas ele se torna enjoativo e piora substancialmente a experiência de beber uma latinha inteira.
O que o caso da Coca-Cola nos ensina sobre como o home office pode causar perda de criatividade ?
A quarentena levou inúmeras empresas a funcionarem com boa parte (ou a integralidade) de seus quadros em home office.
De fato, muitas pessoas contam com uma boa internet e ferramentas de vídeo-call e, em geral, o home office funcionou bem.
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Devido ao resultado inicial, algumas empresas anunciaram home office até o fim de 2020 e outras já decretaram que oferecerão a opção de home office indefinidamente aos seus funcionários.
Esse movimento tão apressado pode ser a New Coke de vários CEOs da atualidade.
Steve Jobs e a importância da interação humana no processo criativo
De acordo com a biografia de Steve Jobs escrita por Walter Isaacson, Jobs queria que houvesse apenas um conjunto de banheiros na sede da Apple, situado no centro do enorme complexo. Segundo Jobs, o encontro aleatório de pessoas de diferentes departamentos era algo desejável e a existência de apenas um conjunto de banheiros aumentaria o número desses encontros. Ele acreditava fortemente que essas interações eram fundamentais para a geração de ideias.
O home office deixa pouco espaço para um encontro com o acaso. Não há encontros aleatórios e nem acidentes fortuitos. Em outras palavras, as empresas que adotarem home office para sempre podem sim sofrer perda de criatividade coletiva. Existe uma economia de curto prazo com aluguel, mas essa cultura abre brechas para os concorrentes que preservem melhor sua capacidade inovadora.
Recomendamos cautela. O ditado “a pressa é inimiga da perfeição” pode ser batido, mas é verdadeiro.
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Foto: Magnet.me.