O aborto é muito mais que “uma questão de saúde pública”

O aborto é muito mais que “uma questão de saúde pública”

O vice-presidente Hamilton Mourão deu uma entrevista polêmica ao jornal O Globo em que afirmou que o “aborto é uma questão de saúde pública”. Concorda?

Por Redação em 28/07/2020

O vice-presidente Hamilton Mourão deu uma entrevista polêmica ao jornal O Globo. Ele se declarou favorável ao aborto em casos em que a mulher “não tem condições de criar o filho” e queira abortar. Por tanto, se você for pobre, Mourão acha uma ideia razoável você envenenar seu filho com substâncias tóxicas ou dilacerá-lo, como ocorre no processo de curetagem.

A declaração é chocante. Ora, quem votou no Bolsonaro, votou no Mourão e certamente os eleitores pró-vida levariam isso em conta isso ao decidir em quem votar. Na mesma entrevista, o vice-presidente disse que o aborto é uma questão de saúde pública.

Descriminalização do aborto e o aumento do número de mulheres mortas: uma questão de saúde pública?

Primeiramente, o que é uma “questão de saúde pública”? Por definição, é algo que impacta as taxas de mortalidade, de morbidade, os custos de tratamento para a sociedade ou tem potencial epidêmico, no caso de infecções.

Podemos observar um aumento no número de abortos induzidos após a descriminalização da prática. Considere isso e a taxa de mortalidade dos abortos legais no Brasil. Fazendo uma regra de três simples, concluí-se que descriminalizar o aborto provavelmente acarretaria no aumento do número de mulheres mortas durante o ato e em aumento dos custos do SUS, além de provocar um caos nas maternidades estatais já lotadas.

Fake news

A ideia de que há um número grande de mulheres morrendo devido a abortos ilegais e de que a descriminalização é necessária para diminuir tal número é amplamente divulgada. Para corroborar tal argumento, defensores da descriminalização tradicionalmente utilizam diversos dados falsos, exagerando o número de mortes e internações decorridas de abortos ilegais.

As mortes maternas por aborto por ano, que alguns chegam a afirmar que são de até 70 mil, na verdade estão entre 50 e 70. Isso somando todos os tipos de aborto, incluindo abortos legais feitos pelo Estado (que, aliás, tem mortalidade maior do que a mortalidade materna dos partos). Até mesmo a liga acadêmica de ginecologia e obstetrícia de uma universidade pública federal “errou”. Citou o número 70 mil e teve que corrigir o erro posteriormente.

Boa parte das pessoas que discutem filosoficamente sobre quando a vida de um ser humano começa a ter algum valor ficaria horrorizada se visse um aborto de fato. Um médico enfiando uma cureta no interior do útero para matar, decepar e retirar um ser do ventre materno não é uma visão agradável.

Veja a matéria completa no site do Ilisp.


Foto: Isaac Quesada.