A manipulação de dados sobre aborto no Brasil

A manipulação de dados sobre aborto no Brasil

Existem algumas ideias relacionadas a aborto que são falsas e, ainda assim, são divulgadas (algumas vezes por ignorância, outras por um “vale tudo” em prol da causa) por ativistas e por parte da grande mídia. Há uma clara manipulação de dados sobre o aborto no Brasil.

Por Redação em 19/06/2020

Existem algumas ideias relacionadas a aborto que são falsas e, ainda assim, são divulgadas (algumas vezes por ignorância, outras por um “vale tudo” em prol da causa) por ativistas e por parte da grande mídia. Há uma clara manipulação de dados sobre o aborto no Brasil.

Uma delas é a ideia de que existe uma epidemia de internações por aborto no Brasil. Segundo dados oficiais do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, em 2016 houveram cerca de 186 mil internações pós-aborto (espontâneos ou provocados) para realização de curetagem, sendo que houveram 3 milhões de partos nesse mesmo ano. Um dos maiores problemas em afirmar que existe uma “epidemia” é que não é sequer possível estimar qual a porcentagem dessas 186 mil internações são provenientes de abortos provocados justamente porque a prática é ilegal e a paciente, em geral, não relata que praticou tal ato – e mesmo que relatasse, o médico não divulgaria por conta do sigilo médico.

“Há uma clara manipulação de dados sobre o aborto no Brasil.”

Também é comumente passada a ideia de que o aborto legal é muito seguro, como se praticamente não houvessem riscos para a grávida que quer abortar e tem acesso a esse procedimento. Só que não é bem assim. Utilizando dados do DataSUS de 2015 para mortes decorrentes de aborto, podemos observar que houve 3 mortes por aborto por causas médicas e legais, ou seja, abortos realizados em hospitais e com todo o acesso a cuidados médicos. Três mortes podem parecer pouco a princípio, mas vamos analisar mais a fundo as proporções. Fazendo uma regra de três, obtemos uma taxa de 176 mortes em 100 mil! É um número espantoso. Para efeito de comparação, os cerca de 60 mil homicídios anuais no Brasil correspondem a uma taxa de 30 mortes em 100 mil.

Concluindo, nem há um número alarmante de mulheres sendo internadas por tentativa de aborto nem o aborto legal é tão seguro para a mãe quanto a mídia às vezes faz parecer. O aborto é um procedimento que, além de eticamente controverso, é delicado, e o assunto deve ser tratado com seriedade. Infelizmente, não é a primeira vez que setores da medicina são politizados e provavelmente não será a última vez.

Com informações do ILISP.


Imagem criada por Redgirl Lee para a ONU.