Você provavelmente já viu alguma pesquisa eleitoral para 2022 – várias são lançadas lançadas todos os meses.
Como parte da mídia repercute qualquer notícia contra o governo Jair Bolsonaro, por exemplo, visibilidade já é negócio garantido. Contudo, não há — nem são exigidos — registros em jornais, sites, revistas ou emissoras expondo detalhadamente o questionário nem a metodologia aplicada. Eles publicam e ponto.
Outro dado importante é que muitos desses levantamentos são baratos, feitos por meio de ligação telefônica, ao custo de, no máximo, R$ 0,10.
É natural questionar se, de fato, as empresas de pesquisa sabem a veracidade das informações de quem está do outro lado da linha — e se alguém atendeu, de fato, à chamada. Mas elas parecem ter descoberto uma fórmula infalível: quanto pior o resultado para Jair Bolsonaro, maior a exposição na mídia e nas redes sociais. É um tiro certeiro.
Pesquisa eleitoral para 2022 – quem financia?
Em dezembro, um levantamento do site Poder360 revelou que, desde outubro de 2020, instituições financeiras e empresas pagaram por 22 pesquisas sobre as eleições deste ano. Nenhuma delas feita por institutos que os brasileiros já estavam acostumados a ver no noticiário, como o Datafolha ou o Vox Populi
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só impõe regras para a realização de sondagens dentro do ano eleitoral até o último dia de 2021. Desde janeiro, todas as entidades passam a ser obrigadas a fazer registro prévio do material — o cadastro precisa ser protocolado até cinco dias antes da divulgação, conforme o artigo 33 da Lei 9.504/1997, a Lei das Eleições. Com certeza, o volume de pesquisas vai diminuir.
Provavelmente, as próximas sondagens não vão ter no questionário perguntas como as feitas pelo Vox Populli em maio do ano passado: “Pelo que você viu ou ficou sabendo, você acha que Lula e o PT foram perseguidos nos últimos anos, com o impeachment da Dilma e a prisão de Lula, ou não houve uma perseguição contra eles, foram tratados da mesma maneira que outras lideranças políticas e partidos?”. E ainda: “Quanto Bolsonaro é responsável pelas mortes por coronavírus no Brasil?”.
Por que pesquisas eleitorais erram tanto?
Quantas vezes você já viu uma manchete o tipo: “instituto conseguiu flagrar uma onda de crescimento de última hora” ou “a abstenção recorde foi decisiva por causa das chuvas”?
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A manchete favorita na manhã de votação é quase sempre igual: os candidatos chegam em empate técnico no dia “D”.
Os principais institutos não cogitavam os eleitos Romeu Zema e Wilson Witzel sequer no segundo turno
No último pleito municipal, por exemplo, o Ibope informou, na véspera, que a comunista Manuela D’Ávila tinha vantagem numérica de 2 pontos porcentuais sobre Sebastião Mello (MDB). Até ela acreditou, mas Mello foi eleito com quase 55% dos votos.
Em Vitória (ES), não foi diferente. O mesmo instituto afirmou ter captado um crescimento vertiginoso do ex-prefeito petista João Coser, que estava empatado com Delegado Pazolini. Sites e perfis de esquerda comemoraram a virada contra o “bolsonarista”. Pazolini ganhou com mais de 58% dos votos.
Na última corrida presidencial, o Datafolha publicou, dez dias antes das eleições, que o petista Fernando Haddad venceria Jair Bolsonaro “em qualquer cenário”.
O maior teste e populariadade é andar no meio do povo. Quem você viu fazendo isso e sendo bem recebido?
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Foto: Reprodução/Facebook