Modelagem de Neil Ferguson, usada pelo Imperial College, é “uma bagunça cheia de erros”

Modelagem de Neil Ferguson, usada pelo Imperial College, é “uma bagunça cheia de erros”

A modelagem de Neil Ferguson contém falhas, segundo engenheiros de software. Ferguson comenta as críticas.

Por Redação em 22/08/2020

“Totalmente não confiável” e “uma bagunça cheia de erros”. Esses foram alguns dos comentários feitos por engenheiros de software a respeito do sistema de simulação de Neil Ferguson usada no estudo da Imperial College London, tentando estimar a disseminação da Covid-19.

O simulador foi produzido por uma equipe liderada pelo epidemiologista e matemático Neil Ferguson e foi um dos vários exercícios de modelagem que ajudaram a convencer os políticos do Reino Unido a adotar o lockdown.

A simulação original, lançada em março, sugeria que poderia haver meio milhão de mortes no Reino Unido se nada fosse feito. Foi estimado também o qual seria o impacto de certas intervenções políticas, como o lockdown. Os cientistas da universidade não disponibilizaram o código imediatamente para exame público.

Em maio, o biofísico Konrad Hinsen, da agência nacional francesa de pesquisa CNRS, escreveu em seu blog que o código usado pela Imperial parecia “horrível”. Ele acrescentou que tais deficiências são esperadas em códigos escritos por cientistas que não são especialistas em desenvolvimento de software.

O que Neil Ferguson tem a dizer

Ferguson – que não comentou as críticas na época – concorda que a simulação não utilizou as melhores praticas atuais para codificação. Seu modelo foi uma adaptação de um modelo criado há mais de uma década para simular uma pandemia de influenza.

Segundo ele, não houve tempo para gerar novas simulações da mesma complexidade do zero, mas a equipe usou abordagens de codificação mais modernas em um novo trabalho. “Nenhuma das críticas ao código afeta a matemática ou a ciência da simulação”, acrescenta ele.

Ferguson enfatizou para a revista Nature o quão rápido o trabalho tinha que ser feito. Em 27 de fevereiro, ele apresentou estimativas básicas do impacto da pandemia em uma reunião privada com o principal grupo consultivo científico do Reino Unido para emergências. De acordo com ata divulgada no final de maio, seus números já davam estimativas de meio milhão de mortes. Sua equipe então trabalhou por vários dias para produzir rapidamente simulações mais complexas, estimando como algumas ações poderiam impactar a disseminação do vírus. Dar os retoques finais e liberar o código para acesso público não eram as prioridades na época, segundo ele.

Para ver a matéria completa, acesse o site da revista Nature.


Foto: reprodução/Youtube.