Preconceito não é o mesmo que prevenção nem aqui, nem na China. Hoje me deparei com uma situação um tanto quanto constrangedora e, ao mesmo tempo, revoltante.
O caso relatado é real e envolve preconceito na escola pública.
Estava muito feliz, porque pela primeira vez, consegui uma vaga na escola pública para um de meus filhos.
Eu estudei a vida toda em escola pública (exceto o terceiro grau), e lembro com carinho o que vivi naquele período. É claro que eram outros tempos, mas vamos lá.
Fui até a escola, com a documentação em ordem, conforme a orientação da diretora da unidade.
Entreguei os documentos para fazer as devidas cópias, fiz a tão famosa anamnese da criança e informei:
“Esta criança não vem para a escola nesta semana. Fizemos uma tele consulta, foi identificada virose pelos sintomas de vômito (apenas um episódio) e febre (apenas um episódio). Então vamos seguir a orientação médica de não a enviar para escola por estes dias”.
Foi então que a diretora da escola, que até então não tinha falado comigo nem me cumprimentado, se aproximou e iniciou uma série de perguntas.
E entre tantos questionamentos, ela afirmou que coronavírus também é uma virose e, por esse motivo, eu não deveria ter ido até a escola.
Me senti num tribunal inquisitório. E pasmem, as ameaças começaram.
Ameaças? Sim, isso mesmo! A diretora da escola foi logo tratando de me dizer que só não iria informar a unidade de saúde do bairro porque a criança nunca foi para escola.
E não é por menos, eu estava justamente fazendo sua matrícula na rede pública, a qual todos temos direito, e ao mesmo tempo, justificando sua ausência, por respeito, consideração e até mesmo gratidão.
Pois bem, como a minha mãe bem me ensinou, agradeci e sai da escola.
Antes mesmo de cruzar o portão de saída, lembrei que não havia pago pelas cópias dos documentos necessários para a matrícula.
Foi então que voltei.
E pasmem… Eu era o assunto da conversa entre direção e auxiliares.
Ao adentrar pela porta, lembrei a secretária que não havia pago. E perguntei quanto devia pelas cópias. Me desculpei pelo esquecimento.
Peguei a moeda na carteira, passei no álcool, como costumeiramente faço quando preciso pagar algo em moeda ou espécie, e entreguei para a secretária, que ao levantar sua cabeça demonstrou todo seu constrangimento diante da situação.
Minha alegria, euforia e esperança depositadas no ingresso a escola pública recebeu um balde de água fria.
Afinal de contas, a escola que deveria acolher estava justamente fazendo o contrário: me excluindo!
Além disso, estavam questionando a autoridade médica. Não hesito em afirmar, que a diretora do Centro de Educação Infantil e sua equipe técnica criaram pré-conceitos sem fundamentos sobre a minha família e a sobre a nossa responsabilidade.
Ouvimos tanto falar em preconceito racial, mas o preconceito extrapola o limite de raça ou de credo. Sempre pensamos que isso está longe da gente.
E é o contrário. O preconceito está muito mais perto do que, literalmente, se pode imaginar.
O preconceito passou a ser social. O que me conforta é que o ódio e repulsa que caracterizam esse tipo de atitude dizem mais sobre quem prática do que sobre as vítimas do preconceito.
O que mais me assusta é a capacidade que o poder público tem que indicar pessoas com esse caráter ou essa característica para a direção de escolas.
Opa, voltando ao assunto escola, elas não deveriam dar o exemplo?
Educação vem de casa, mas socialização vem da escola.
E em tempos de coronavírus, que tanto se fala sobre prevenção, só tenho uma coisa a dizer: PRECONCEITO não é PREVENÇÃO em lugar algum, muito menos na escola pública!
Fiquem atentos.
Foto: Mike Fox.
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