Cientista acusado por fraude de dados sobre mudanças climáticas virou tema de filme

Cientista acusado por fraude de dados sobre mudanças climáticas virou tema de filme

Phil Jones foi inocentado, ingressou no cargo recém-criado de Diretor de Pesquisa e virou tema de filme.

Por Mari Gatti em 28/02/2022

Phil Jones, cientista acusado por fraude em dados relacionados a mudanças climáticas, se afastou temporariamente do cargo Diretor da Unidade de Pesquisa Climática (CRU) da Universidade de East Anglia em novembro de 2009 após o escândalo.

Tudo começou quando hackers invadiram os servidores da CRU e publicaram e-mails e arquivos.

O Globo noticiou ná época que Phil Jones já havia recebido mais de US$ 10 milhões para desenvolver pesquisas e escreveu: “eu acabei de concluir um ‘truque’ de adicionar às temperaturas reais de cada série dos últimos 20 anos para esconder o declínio”. As palavras ‘truque’ e ‘esconder o declínio’ chamaram a atenção”.

Na ocasião, a ONU pediu uma investigação a respeito do caso, afinal, dados do CRU são usados pela própria organização.

Uma revisão liderada por Sir Muir Russell examinou a “trocas de e-mail para determinar se há evidências de supressão ou manipulação de dados”. Seguiu-se uma investigação da Câmara dos Comuns, que concluiu que não havia razão para Jones responder, e disse que ele deveria ser reintegrado em seu cargo. A revisão de Russel, entretanto, admitiu que “os cientistas da CRU não abraçaram o espírito de abertura da Lei de Liberdade de Informação”.

Jones foi reintegrado em 2010 com o cargo recém-criado de Diretor de Pesquisa.

A mudança na mídia

The Trick: Um filme que mostra o que o cientista acusado de fraudar dados tinha a dizer em sua defesa

No ano de 2021, a BBC lançou um drama chamado The Trick (O Truque), o qual mostra todo o escândalo como sendo uma “conspiração fabricada” e coloca Jones como uma “vítima”.

The Guardian em 2010

The Guardian, no dia 01/02/2010, publicou a seguinte reportagem a respeito do escândalo apelidade de Climategate.

“(…) Uma investigação do Guardian de milhares de e-mails e documentos aparentemente hackeados da unidade de pesquisa climática da Universidade de East Anglia encontrou evidências de que uma série de medições de estações meteorológicas chinesas estavam seriamente defeituosas e que documentos relacionados a elas não puderam ser produzidos. (…)

Hoje, o Guardian revela como Jones reteve as informações solicitadas sob as leis de liberdade de informação. Posteriormente, um colega sênior disse a ele que temia que o colaborador de Jones, Wei-Chyung Wang, da Universidade de Albany, tivesse “estragado tudo”.

As revelações sobre as inadequações do artigo de 1990 não necessariamente refutam o caso de seres humanos causarem as mudanças climáticas, e outros estudos produziram descobertas semelhantes. Mas eles questionam a probidade de parte da ciência relacionada a mudança climática. (…)

Wang foi inocentado de fraude científica por sua universidade, mas novas informações trazidas à tona hoje indicam que pelo menos um colega sênior tinha sérias preocupações sobre o caso. Também resulta que os documentos que Wang alegou que iriam inocentá-lo e Jones não existiam. (…)

The Guardian descobriu que de 105 pedidos de liberdade de informação à universidade sobre a unidade de pesquisa climática (CRU), que Jones liderou até o final de dezembro, apenas 10 foram liberados na íntegra (…)”.

The Guardian em 2021

Em 2021, The Guardiam afirmou que:

“(…) Agora Jones enfrenta uma repetição desse ataque cruel quando o filme da BBC One, The Trick, for exibido em 18 de outubro. Ele contará a história, com simpatia, de suas tribulações nas mãos dos negadores das mudanças climáticas.

(…) Quanto ao título do filme, esta é uma referência a um e-mail que Jones enviou a um colega no qual ele usou a palavra “truque” para descrever um método matemático de voltar a outros dados para descrever adequadamente o aquecimento histórico. Tirada do contexto, a palavra supostamente provava que Jones e outros pesquisadores estavam manipulando dados”.

Afinal, qual é a verdade?

Como vimos, atualmente a narrativa de que Phil Jones foi “uma vítima” ganhou força e é divulgada por redes conhecidas, como BBC e The Guardiam. Há alguns anos, entretanto, o mesmo The Guardiam afirmava, entre que outras coisas, que haviam erros nas estações metereológicas chinesas, componentes-chave no estudo.

A mudança de narrativa é clara.

Então, o que será que aconteceu? Será que realmente o “truque para esconder o declínio” se refere simplesmente a um método matemático?

Obviamente, possíveis fraudes nos estudos de Jones não invalidam todos os outros estudos relacionados a mudanças climáticas nem encerra a discussão sobre quanto o homem estaria ou não causando tais mudanças. Entretanto, sabemos que ciência, política e dinheiro muito frequentemente andam juntos.

Alarmismo climático e o uso da pauta em palanques é real, observável e fora de dúvidas. No artigo “9 mentiras de Al Gore, segundo juiz britânico“, publicado no Altavista.news, temos um exemplo disso: em seu documentário de 2006, o então candidato Al Gore afirmou entre outras coisas que:

  • “Os ursos polares estão se afogando porque eles estão tendo que nadar mais para encontrar gelo”, mas o número de ursos polares vinha aumentando nas últimas décadas.
  • Toda a neve no Kilimanjaro teria derreteria até 2016. Estamos em 2022 e constatamos que isso está longe de ser verdade.
  • O furacão havia sido causado pelo aquecimento global. Um artigo na revista New Scientist em maio de 2007 refutou tal argumento e o classificou como “mito”.

O que você acha, leitor? Seria Jones um cientista que foi mal interpretado? Ou será que realmente havia algo errado e o estudo foi enviesado para se reforçar uma agenda?

* Mari Gatti, escritora.


Foto: Reprodução/YouTube