Diego Aranha vem denunciando vulnerabilidades nas urnas eletrônicas há anos e afirma que elas não são confiáveis. Na verdade, segundo ele, elas possuem erros “grosseiros”.
Aranha é especialista em criptografia e segurança computacional, tendo feito doutorado em computação na Unicamp. Atualmente, é professor assistente no departamento de engenharia da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Recentemente, ele respondeu perguntas para a revista Época. Abaixo, você encontra um resumo de algumas das respostas.
As falhas apontadas em teste com as urnas são graves?
De fato, Aranha e sua equipe consideram as vulnerabilidades encontradas graves. Surpreendentemente, durante os testes, eles conseguiram adulterar o software de votação antes de ser instalado nas urnas eletrônicas para introduzir programas maliciosos.
Existe maneira de melhorar a proteção dos votos com as urnas eletrônicas?
Todos os outros países com eleições eletrônicas de escala nacional empregam algum tipo de registro físico do voto, para permitir uma auditoria mesmo que o software falhe. De acordo com o professor, o voto impresso poderia funcionar como um recurso adicional de transparência, que pode ser usado para fins de auditoria e/ou recontagem e também indica para o eleitor de que o sistema computou seu voto corretamente.
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É possível que haja alteração do resultado das eleições em nível nacional ou apenas em seções de votação específicas?
A fraude do mesário, em que um mesário malicioso vota por eleitores faltosos, é uma abordagem mais factível para adulterar resultados de seções eleitorais específicas. Por outro lado, tentativas de fraude tecnológica fazem mais sentido para eleições maiores, para reduzir custos por escala.
Do que um hacker mal-intencionado precisaria para invadir uma urna? É preciso estar no local? Alterar algo na máquina?
Diego Aranha e sua equipe, enquanto participavam do ataque simulado de 2017, demonstraram que isso exigia apenas manipular cartões de memória que instalam software antes da eleição. Cada cartão instala até 50 urnas distintas, fornecendo um fator de escala em favor do fraudador. Então, um hipotético fraudador interno à Justiça Eleitoral, com acesso privilegiado ao sistema por longos períodos de tempo, poderia provocar distorções maiores com logística mais simples.
Para ver a entrevista na íntegra e entender melhor os motivos pelos quais Diego Aranha afirma que as urnas eletrônicas não são confiáveis, clique aqui.
Foto: Mika Baumeister.