Antes de adentrar ao tema desta matéria, “Vereador de um mandato só”, vamos navegar nas entranhas da sociedade e tentar entender o nosso eleitor, o cidadão que não tem a liberdade de escolha entre votar ou não, é obrigado fazê-lo mesmo sem querer, sob pena de multa. Liberdade está respaldada por políticos que se alimentam do famigerado Fundão e dizem que ao cidadão é dado o direito de decidir suas vidas, dissonante com a realidade, pois o direito seria a escolha, não o dever.
“O voto obrigatório é um exemplo de liberdade no Brasil”.
Reinaldo Camargo
Muito se fala atualmente em política, não por motivos predominantemente positivos, mas por motivos que muitas vezes visam a permanência no cargo ou na retomada do cargo que lhe confere o tal poder.
O poder está diretamente ligado na política, assim como o voto está diretamente ligado ao detentor do poder. É um círculo vicioso e ruim para a nossa sociedade, que é pobre de educação, pobre de conhecimento e pobre de políticos.
Não é incomum encontrar pessoas em nossa sociedade que dizem que odeiam a política. Mas, em proporção maior, muitos dizem que saberiam resolver os problemas, que os entendem mais simples de se resolver do que fato são.
Estranho é ter tanta gente que desdenha da política, mas não para de reclamar dela, como se fosse possível se ter bons políticos a partir da indiferença que se trata o assunto quando chega na hora de votar.
A indiferença em votar ou participar de um pleito abre uma janela importante para os oportunistas, que buscam no poder maneira fácil de vender seus votos para um determinado interesse empresarial, pessoal e quase nunca social.
“É impossível querer uma cidade melhor e votar sempre nas mesmas pessoas.”
Reinaldo Camargo
A frase acima foi inspirado numa citação famosa, muitas vezes atribuída ao cientista Albert Einstein:
“É insano querer resultado diferente e continuar fazendo a mesma coisa.”
Albert Einstein
Pois é. Por isto existem pessoas pedindo o voto da maneira que eles conheceram desde quando pequenos: “vote no Zé da Pipoca”, “vote no Beto da Farmácia” e assim vai.
Não estou aqui desdenhando dos pipoqueiros e dos trabalhadores da farmácia. Estou aqui chamando atenção para o fato de que pedimos e incentivamos nossos filhos a estudar e obterem conhecimento para ser alguma coisa na vida e, na hora de votar, esquecemos de tudo isto e votamos em pessoas que, apesar de serem legais ou bondosas, não são preparados para serem os gestores e muito menos os criadores de leis de uma cidade.
Como podemos achar que uma pessoa, sem preparação, possa determinar as regras de uma cidade? Não, definitivamente não podemos fazer e tratar assim a política devemos ter respeito.
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De onde surgiu a ideia do projeto?
Do exemplo dos bombeiros americanos, que sentem orgulho de serem voluntários, que representam, em Nova York, 70% da força de trabalho do corpo de bombeiros. De imaginar que de cada 100 bombeiros mortos no ataque às torres gêmeas no fatídico 11 de setembro, 70 eram pais de família como eu.
Penso que por meio do projeto por mim idealizado possamos inaugurar uma era onde a passagem na política em nosso município seja realmente uma passagem e não uma “ficagem”, palavra inventada pelo saudoso José Paulo de Andrade, para exemplificar a passagem e não “ficagem” do bandido na cadeia.
“Vereador de um mandato só”
Um vereador que se compromete a passar pela câmara por apenas 4 anos tem a obrigação e o dever de votar segundo seus pensamentos, errado ou não, para o bem público da cidade, não em perpetuar sua “ficagem”.
Fazer de seu curto espaço de tempo e dedicação a melhor administração possível e escrever o nome de sua família em uma parede e nos anais da câmara legislativa, como uma pessoa que teve o privilégio de participar, tornar sua passagem em orgulho de sua família e tornar esta passagem uma experiência de vida e de cidadania.
Já escutei de alguns amigos – que acham que tenho condições de executar um grande trabalho: “Mas Reinaldo, se você for um bom vereador, por qual motivo não ficar”? E minha resposta é: “Caso eu seja um bom vereador, poderei então ser, no futuro, um executor das minhas próprias leis e, então, não mais serei útil em legislar. Serei útil em executar e assim se seguem os degraus da vida, passo a passo”. Por outro lado, caso um vereador que se engaje nesta nova modalidade e não consiga desempenhar um bom papel, ele será naturalmente trocado e certamente não será reaproveitado para o executivo.
Muitas das decisões de voto de um vereador estão na continuidade no poder. Muitas das desavenças entre famílias importantes de uma cidade estão na permanência do poder. Muitas das leis inúteis de uma cidade estão na incapacidade intelectual e moral dos vereadores. Assim como muitas das leis idiotas de uma cidade estão na indiferença que tratamos o nosso voto obrigatório.
*Reinaldo Camargo, é formado em administração, com ênfase em mercadologia, empresário do ramo de arquitetura corporativa, defensor e praticante contumaz da responsabilidade social como ferramenta de crescimento pessoal e espiritual, conservador e idealizador do projeto “Vereador de um mandato só”. É também pré-candidato a vereador pelo partido Patriota-51 em Valinhos, São Paulo.
Foto: divulgação.