“Guerra” entre Indústria e Varejo – quem vence?

“Guerra” entre Indústria e Varejo – quem vence?

Jaime de Paula, empreendedor do setor de tecnologia, fala do D2C e sobre seus impactos na forma como fazemos negócios atualmente.

Por Jaime de Paula em 20/03/2021

O que antigamente era uma convivência harmônica e pacifica, uma verdadeira simbiose, hoje se transformou em uma verdadeira “guerra” entre indústria e varejo.

O que será que mudou no nosso mundo de negócios, que faz com que isso esteja acontecendo e crescendo de forma exponencial?

O papel da revolução tecnológica na guerra entre indústria e varejo

Várias mudanças ocorreram no mundo recente, mas, com certeza, a revolução da tecnologia é uma das principais causadoras desse conflito.

Antigamente, muitas industrias optaram, e ainda optam, pela “facilidade” de ter poucos e bons clientes. Um modelo tradicional de indústria vende para distribuidores, que por sua vez vendem ao varejo e esse por sua vez vende ao cliente final.

Ao invés de ter que se preocupar em dar créditos a milhares e até milhões, a indústria se dava ao “luxo” de analisar no máximo centenas de distribuidores, e ía distribuindo ao restante da cadeia os custos para fazer a venda até o cliente final.

Porém, atualmente, com as tecnologias de Bigdata/Analytics e Inteligência Artificial (IA), o varejo passou a conhecer profundamente seu cliente final, analizando de forma rápida e precisa seu risco de credito, bem como predizendo as necessidades desses clientes.

Quem conhece o cliente final tem o mercado nas mãos. Repare que falo em “CONHECER”, e não simplesmente vender. Conhecer pressupõe coletar e organizar os dados gerando as informações e aplicar as tecnologias de Bigdata/Analytics e IA para gerar “CONHECIMENTO”. Não apenas ter os dados históricos, mas poder predizer o que seu cliente vai necessitar, o que ele vai gostar, e se antecipar as necessidades dos mesmos.

Quem ganha?

Isso quer dizer que o Varejo ganhou a “guerra”? Não necessariamente, pois muitas industrias estão mudando rapidamente seu perfil justamente por ver esses movimentos, mas muitas ainda são como “sapo em água esquentando” e, quando se derem conta, já estarão literalmente “cozidos”.

Trabalhar o mercado D2C, isso é, “Direto ao Consumidor”, vai ser questão de sobrevivência para as industrias: não conheça apenas uma centena de distribuidores, mas sim os milhões de consumidores (B2B2C). Isso é vital no nosso mundo atual.

Se você está na indústria e ainda pensando se vai adotar o modelo D2C, sinto muito, mas você já está bastante atrasado – acelere. No mundo contemporâneo, o rápido vai sobreviver, não o grande.

Referências:

Blog Sales Force sobre D2C

Blog da ECBR sobre o impacto do D2C

* Jaime de Paula, empreendedor de tecnologia. Engenheiro, PHD em Inteligência Artificial (UFSC), cursando pos-doc na Univalli, também em IA.
Iniciou como executivo de grandes empresas como a BRFoods até fundar a Paradigma e depois a Neoway, onde foi CEO até junho de 2019. Mentor Endeavor e Darwin, investe em mais de 20 startups do ecossistema catarinense de tecnologia. Participa ativamente de projetos sociais como o Instituto Vilson Groh e os projetos Superando Barreiras e Mama Solidária.


Foto: Veronika Koroleva.