YouTube vai remover vídeos sobre fraude nas eleições de 2018

YouTube vai remover vídeos sobre fraude nas eleições de 2018

YouTube também fará aparecer no feed vídeos de produtores considerados pela empresa como confiáveis, mas ela ainda não disse qual é o critério para isso.

Por Mari Gatti em 22/03/2022

O YouTube anunciou que vai remover vídeos sobre fraude nas eleições de 2018.

O anúncio foi feito nessa terça-feira, 22/03/2022. O foco do pacote é, segundo a empresa, combater a desinformação por parte de produtores de conteúdo mal-intencionados.

“(O YouTube vai remover) Conteúdo que tenha o objetivo de enganar eleitores sobre a hora, o local, os meios ou requisitos necessários para votar, ou informações falsas que possam fazer as pessoas desistir de ir às urnas. Isso inclui alegações falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na eleição presidencial de 2018 e de que os votos foram adulterados.”

Nota oficial do YouTube

A plataforma ainda indicou que vai moderar o que o usuário verá, priorizando produtores de conteúdo que a empresa considera confiáveis. No entanto ela não entrou em detalhes a respeito dos critérios que vai usar para embasar essa análise.

Afinal, será que as urnas são seguras?

De acordo com o artigo entitulado As urnas brasileiras são vulneráveis, publicado no Jornal da USP e escrito por Walter Del Picchia: “O fato é que as urnas eletrônicas brasileiras são as mais atrasadas dentre as usadas na dezena de nações que praticam a eleição eletrônica. Elas não permitem saber se o voto gravado corresponde ao voto dado e não possibilitam auditoria”.

Além disso, Diego Aranha, ex-professor da Unicamp e atualmente professor associado da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, também critica veementemente o nível de segurança. Aranha, que já participou de diversos testes feitos nas urnas promovidos pelo TSE, afirmou o seguinte: “Há muita ênfase na possibilidade de danificarem a urna, mas acho que essa não é a principal ameaça. O problema não são apenas eventos acidentais, mas especialmente propositais, como a adulteração maliciosa do software. Por isso, o voto impresso não deve ser visto apenas como um backup, mas uma forma do sistema provar ao eleitor que está funcionando corretamente.”

É preciso deixar claro, entretanto, que nem Diego Aranha nem o artigo As urnas brasileiras são vulneráveis afirmam que houve fraude nas eleições de 2018. Eles apenas alertam para a possibilidade de fraude (que não é remota) e também apoiam o voto impresso para aumentar o nível de confiabilidade da eleição.

* Mari Gatti, escritora.


Foto: Agência Brasil