Economia

Como a moratória de 1987 custou décadas de atraso

Stephen Charles Kanitz postou um texto a respeito de como foi sua vida pública em seu perfil no Facebook.

Nele, Stephen comentou sobre a viajem que fez na década de 80 para os Estados Unidos para mostrar seu “Plano de Renegociação da Dívida Externa” para o então presidente do Banco Central Americano, Paul Volcker. Aliás, ele foi o primeiro a usar em Economia uma planilha eletrônica para resolver um problema econômico.

Contexto da dívida externa

Os Ministros da Fazenda da época do regime militar emprestaram uma quantia enorme de bancos internacionais para investir em infraestrutura. Só que os empréstimos foram feitos com juros pós-fixados, não pré-fixados – os picos da inflação eram, portanto, imediatamente computados na dívida.

Aliás, o governo brasileiro faz isso até hoje. O pagamento de diversas dívidas está atrelado ao “Selic”, e não a uma porcentagem fixa de, por exemplo, 4%.

Juros pós-fixados e a inflação americana: a causa do problema

Surpreendentemente, os dados em sua planilha constatavam que a dívida do governo brasileiro era pagável porque seria totalmente corroída pela inflação americana. De acordo com Stephen, “nosso problema era a inflação americana e não os juros `brasileiros´”.

Ao simular os pagamentos para os 30 anos seguintes com inflação zero, hipótese maluca por isso ninguém fez, descobri que o problema se resolvia imediatamente.

Stephen Charles Kanitz em post na rede social Facebook

Até então, nenhum outro economista havia chego a essa conclusão porque nenhum havia feito o fluxo de caixa até o final dos 30 anos.

A solução de Sarney para a questão da dívida externa

Volcker acatou a ideia de Stephen. Entretanto, o governo brasileiro não acatou, e o então presidente José Sarney fez pronunciamento de rádio e TV anunciando a suspensão, por tempo indeterminado, do pagamento dos juros da dívida externa. Em outras palavras, o governo deu um calote.

Hoje, Volcker é acusado por alguns historiadores econômicos de ter elevado as taxas de juros americanas e ter deixado países que contraíram dívidas internacionais “de joelhos”. Eles omitem um fato importante: esse aumento só foi verdade justamente para países que adotaram juros flutuantes, pós-fixados. Quem assinou juros fixos ficou fora dessa estatística, obviamente.

Eles nunca mencionam que Volcker não aumentou os juros retroativamente aos contratos já assinados.

Você, caro leitor, caso decida solicitar um empréstimo qualquer, iria preferir saber exatamente qual o juros que incidirá sobre ele ou iria preferir que os juros fossem calculados com base em um índice sobre o qual você tem pouco controle?

Quem é Stephen Charles Kanitz?

Kanitz é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

Para ver o post de Stephen Charles Kanitz no Facebook, clique aqui.


Foto: Reprodução/Uol.

Por
Redação

Últimas notícias

O Brasil tem um “pré-sal verde” a explorar

Brasil tem "pré-sal verde" na Amazônia: 210 bilhões de litros/ano de biocombustível em áreas degradadas…

18 de abril de 2024

Baita Aceleradora: uma década de Inovação com Propósito

A Baita Aceleradora celebra uma década de sucesso, destacando-se por seu portfólio diversificado e compromisso…

5 de março de 2024

GFANZ e BNDES apoiam o Financiamento Climático no Brasil

GFANZ e BNDES lançam iniciativas para financiar projetos climáticos no Brasil. Plataforma de Transição Climática…

28 de fevereiro de 2024