O livro “Celso Daniel – política, corrupção e morte no coração do PT”, de Navarro Perejon, aborda um dos maiores mistérios da política brasileira recente. Afinal, quem mandou matar Celso Daniel?
Poucos crimes brasileiros recentes mobilizaram mais o imaginário popular do que o ocorrido no mesmo ano em que Luiz Inácio Lula da Silva seria eleito presidente da República pela primeira vez – campanha para a qual, aliás, Celso Daniel fora designado coordenador.
Somente catorze anos depois viria o livro-reportagem sobre o caso: “Celso Daniel – política, corrupção e morte no coração do PT”. O livro trouxe muitos fatos novos e esclarecedores, como as transcrições de algumas conversas jamais divulgadas.
Celso Daniel, então prefeito de Santo André e coligado ao PT, foi morto a tiros no dia 18 de janeiro de 2002, logo depois de ser vítima de um sequestro.
O caso tornou-se ainda mais intrigante devido a sequência de assassinatos de pessoas relacionadas com o crime:
Para o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito, Celso foi assassinado porque possuía um dossiê indicando um esquema corrupto que desviava dinheiro para o PT.
Em entrevista, Romeu Tuma Júnior afirmou o seguinte: “Aquilo foi um crime de encomenda. Não tenho nenhuma dúvida. Os empresários que pagavam propina ao PT em Santo André não queriam matar, mas assumiram claramente esse risco. Era para ser um sequestro, mas virou homicídio”.
Tuma Jr. era o delegado da área onde o crime aconteceu. Reconheceu oficialmente que era o Celso Daniel e mandou abrir a investigação para apurar a morte, mas foi posteriormente afastado do caso.
Marcos Valério, empresário e operador do esquema do Mensalão, afirmou que o ex-presidente foi mandante do assassinato.
Valério disse ao Ministério Público que ele próprio e Gilberto Carvalho, que era chefe de gabinete de Lula, compraram o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, em um encontro, um ano após a morte de Celso Daniel.
A motivação do crime teria sido a recusa de Celso Daniel de financiar uma caravana de Lula pelo Brasil com dinheiro de um esquema de corrupção na Prefeitura de S. André. A caravana seria um importante instrumento de popularização da pré-candidatura de Lula à Presidência naquele ano.
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Foto: Reprodução/R7.
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