Voto impresso: Jornal da USP fala a favor

Voto impresso: Jornal da USP fala a favor

O voto impresso é uma boa alternativa e as urnas atuais não são confiáveis, segundo Diego Aranha, Walter Del Picchia e Mário Gazziro.

Por Redação em 07/04/2021

Para o professor Mário Gazziro, pós-doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, resistir à implantação do voto impresso deixa o país parado no tempo. “Por que o registro em papel é um avanço? Porque é a única forma de garantir que os votos sejam auditados caso haja algum problema no registro eletrônico”, afirma Mário.

Voto impresso vem sendo debatido há anos

No meio científico, o debate sobre a segurança das urnas existe desde 1996. Ele ganhou força desde os testes públicos de segurança e da realização de eventos que acontecem desde 2013, quando Gazziro organizou o 1º Fórum Nacional de Segurança em Urnas Eletrônicas no ICMC . Desde aquele momento, os cientistas alertam para as diversas vulnerabilidades encontradas no sistema eleitoral brasileiro.

“As urnas brasileiras são vulneráveis”

De acordo com o artigo As urnas brasileiras são vulneráveis, publicado no Jornal da USP e escrito por Walter Del Picchia: “O fato é que as urnas eletrônicas brasileiras são as mais atrasadas dentre as usadas na dezena de nações que praticam a eleição eletrônica. Elas não permitem saber se o voto gravado corresponde ao voto dado e não possibilitam auditoria”.

Del Picchia explica no texto a evolução nos modelos das urnas eletrônicas utilizadas no mundo. As brasileiras fazem parte da primeira geração desse tipo de equipamento. Nelas, o voto é gravado apenas eletronicamente e a confiabilidade do resultado depende totalmente dos programas instalados no equipamento.

Além disso, Diego Aranha, ex-professor da Unicamp e atualmente professor associado da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, também não confia nas urnas.

“Há muita ênfase na possibilidade de danificarem a urna, mas acho que essa não é a principal ameaça. O problema não são apenas eventos acidentais, mas especialmente propositais, como a adulteração maliciosa do software. Por isso, o voto impresso não deve ser visto apenas como um backup, mas uma forma do sistema provar ao eleitor que está funcionando corretamente”

Diego Aranha

A ilusão do sigilo

Surpreendentemente, a Procuradoria Geral da República contesta a implantação do mecanismo de impressão, afirmando que a mudança coloca em risco o sigilo do voto. Entretanto, Gazziro explica que o registro em papel não significa que o eleitor será identificado. “Independentemente do sistema eleitoral adotado, precisamos garantir que a autoria do voto seja mantida em sigilo e o conteúdo torne-se público. O problema é que, atualmente, a urna eletrônica brasileira não garante sequer o sigilo da autoria”, explica.

Para ver o artigo do Jornal da USP na íntegra, clique aqui.


Foto: benjamin lehman.