Para o professor Mário Gazziro, pós-doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, resistir à implantação do voto impresso deixa o país parado no tempo. “Por que o registro em papel é um avanço? Porque é a única forma de garantir que os votos sejam auditados caso haja algum problema no registro eletrônico”, afirma Mário.
Voto impresso vem sendo debatido há anos
No meio científico, o debate sobre a segurança das urnas existe desde 1996. Ele ganhou força desde os testes públicos de segurança e da realização de eventos que acontecem desde 2013, quando Gazziro organizou o 1º Fórum Nacional de Segurança em Urnas Eletrônicas no ICMC . Desde aquele momento, os cientistas alertam para as diversas vulnerabilidades encontradas no sistema eleitoral brasileiro.
“As urnas brasileiras são vulneráveis”
De acordo com o artigo As urnas brasileiras são vulneráveis, publicado no Jornal da USP e escrito por Walter Del Picchia: “O fato é que as urnas eletrônicas brasileiras são as mais atrasadas dentre as usadas na dezena de nações que praticam a eleição eletrônica. Elas não permitem saber se o voto gravado corresponde ao voto dado e não possibilitam auditoria”.
Del Picchia explica no texto a evolução nos modelos das urnas eletrônicas utilizadas no mundo. As brasileiras fazem parte da primeira geração desse tipo de equipamento. Nelas, o voto é gravado apenas eletronicamente e a confiabilidade do resultado depende totalmente dos programas instalados no equipamento.
Além disso, Diego Aranha, ex-professor da Unicamp e atualmente professor associado da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, também não confia nas urnas.
Leia também
A ilusão do sigilo
Surpreendentemente, a Procuradoria Geral da República contesta a implantação do mecanismo de impressão, afirmando que a mudança coloca em risco o sigilo do voto. Entretanto, Gazziro explica que o registro em papel não significa que o eleitor será identificado. “Independentemente do sistema eleitoral adotado, precisamos garantir que a autoria do voto seja mantida em sigilo e o conteúdo torne-se público. O problema é que, atualmente, a urna eletrônica brasileira não garante sequer o sigilo da autoria”, explica.
Para ver o artigo do Jornal da USP na íntegra, clique aqui.
Foto: benjamin lehman.