Valinhos: O aprendizado da “Represa da Rigesa”

Valinhos: O aprendizado da “Represa da Rigesa”

O progresso chega, mas como conduzir isso da melhor forma?

Por Rodrigo Cavalo em 18/02/2022

Os moradores de Valinhos acompanharam nos últimos meses principalmente, o imbróglio causado pela tentativa de aterramento da represa, localizada na antiga empresa de embalagens WestRock (RIGESA), por fim, seu tombamento foi promulgado pela Câmara de Vereadores através do projeto de Lei 213/2021 que “declara a lagoa da antiga Rigesa como bem de valor histórico-cultural de Valinhos”.

A lagoa e seu simbolismo!

A lagoa, quando administrada pela empresa Rigesa, era umas das atrações da cidade, com grandes peixes que vinham até a beira do barranco quando alguém lançava um pedaço de pão da calçada. Mesmo na época, sendo uma represa artificial, existia uma harmonia entre peixes, pássaros e pequenos animais que faziam parte do ambiente. Na semana Santa, o local era aberto e reunia grande número de amantes da pescaria.

Na parte alta dos bairros próximos como Bom retiro e Monte Verde, tinha-se uma visão linda principalmente ao amanhecer e entardecer, quando era possível ver, por exemplo, da pequena varanda de um apartamento, os raios de sol brilhando sobre as águas, fazendo nos lembrar o quão linda é a natureza.

Qual a ligação entre a lagoa, a Fonte Sônia e a Serra dos Cocais?

Assim como a enorme área da antiga empresa WestRock (RIGESA) que possui um alto valor imobiliário, seja pela localização ou pelo simples potencial para novos empreendimentos, as áreas citadas tende a ser alavancadas para o desenvolvimento socioeconômico da região. O avanço imobiliário, normal em qualquer cidade, tende a transformar, se não toda, uma grande área deste local em empreendimentos.

O progresso chega, mas como conduzir isso da melhor forma?

Sem demagogias ideológicas, pois se de um lado há quem defenda o não loteamento pelo simples fato da preservação ambiental, estes mesmos defendem “invasões” com milhares de pessoas degradando o mesmo ambiente.

A medida mais acertada é unir o progresso com desenvolvimento sustentável, com um debate maduro entre a sociedade, legislativo, executivo e empreendedores. Lembrando, não se pode cometer o mesmo erro da Lagoa, deixarem as coisas acontecerem para depois tentar resolver.

A construção de condomínios horizontais em que a área natural, preservando o máximo possível é viável, temos como exemplo em Valinhos, o próprio Clube de Campo, localizado na divisa entre Valinhos e Itatiba. Qual bairro em Valinhos protege mais sua área verde que o Clube de Campo? Pode-se até obrigar o empreendimento a reflorestar certas áreas, como nascentes e margens dos riachos. Pode-se impor que a metragem do terreno seja x vezes maior que a metragem da casa, que as ruas não sejam asfaltadas, que sejam construídas outras represas para retenção de água para o município (estamos precisando), ou seja, tudo é possível.

Outra hipótese também viável é a utilização do local para turismo, como o incentivo de Hotéis Fazendas com muita área verde a ser explorada, Campings, Chalés de Madeira que bem organizado, aproveitando a bela vista e o clima agradável, tem tudo para transformar a cidade de Valinhos em uma cidade turística, gerando renda, emprego e preservando seu patrimônio ambiental.

As cartas estão na mesa, a próxima década depende das escolhas de hoje.

Tudo é possível!

* Rodrigo Cavalo é bacharel em Direito e pós graduado em Direito e Processo do trabalho. Jornalista.Crítico por natureza.


Foto: Reprodução/YouTube