Mulheres uigures que fizeram parte dos “centros de reeducação contra extremismo religioso” chineses afirmam que há estupro e tortura dentro de tais centros.
A existência destes centros é um fato reconhecido pelo Partido Comunista Chinês. De fato, a estimativa é que o governo chinês tenha enviado mais de um milhão de homens e mulheres pertencentes para esses locais.
Mas quem são os uigures? Em suma, são um grupo majoritariamente muçulmano (daí a suposta necessidade de luta contra extremismo religioso) que vivem no noroeste da China.
Embora morem na China, falam uma língua semelhante ao turco e se consideram etnicamente próximos das nações da Ásia Central.
Confira depoimentos sobre a situação das uigures nos “centros de reeducação”
Tursunay Ziawudun
Tursunay Ziawudun passou nove meses em um campo na região de Xinjiang. Após sua libertação, ela fugiu de Xinjiang e agora está nos Estados Unidos, de onde conta sua experiência.
De acordo com Ziawudun, mulheres eram removidas das celas “todas as noites” e estupradas por um ou mais homens chineses mascarados. Ela disse que sofreu estupro e tortura em três ocasiões, cada vez por dois ou três homens.
Ziawudun falou com a mídia antes de ir para s Estados Unidos, quando estava no Cazaquistão, onde “vivia com medo constante de que a enviassem de volta à China”. Ela disse acreditar que se revelasse a gravidade do abuso sexual que sofreu e presenciou, e retornasse a Xinjiang, sofreria punições mais severas que antes.
É impossível verificar o relato de Ziawudun por completo por causa das severas restrições que a China impõe aos repórteres no país. Entretanto, documentos de viagem e registros de imigração que ela forneceu à BBC corroboram a linha do tempo de sua história.
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Suas descrições do campo correspondem às imagens de satélite analisadas pela BBC, e suas descrições da vida diária dentro do campo, bem como a natureza e os métodos do abuso, correspondem a outros relatos de ex-detidos.
Gulzira Auelkhan
A BBC também entrevistou Gulzira Auelkhan, uma mulher cazacstã que foi detida por 18 meses. Ela conta que foi forçada a despir mulheres uigures e algema-las antes de deixá-las sozinhas com homens chineses.
“Meu trabalho era tirar a roupa acima da cintura e algemar para que não se mexessem”, disse Gulzira Auelkhan à BBC , cruzando os pulsos atrás da cabeça para demonstrar. “Então, eu deixava as mulheres no quarto e um homem entrava – algum chinês de fora ou policial. Sentei-me em silêncio ao lado da porta e quando o homem saiu da sala levei a mulher para tomar banho.”
Além disso, ela afirma que os homens chineses “pagavam para escolher as jovens detentas mais bonitas”.
Para ler na íntegra a matéria da BBC e saber mais sobre a situação dos uigures na China, clique aqui.
Foto: john crozier.