Uigures acusam estupro em “centros de reeducação”

Uigures acusam estupro em “centros de reeducação”

De acordo com depoimentos de mulheres que estiveram nos "centros de reeducação contra extremismo", uigures sofrem estupro sistemático.

Por Redação em 16/02/2021

Mulheres uigures que fizeram parte dos “centros de reeducação contra extremismo religioso” chineses afirmam que há estupro e tortura dentro de tais centros.

A existência destes centros é um fato reconhecido pelo Partido Comunista Chinês. De fato, a estimativa é que o governo chinês tenha enviado mais de um milhão de homens e mulheres pertencentes para esses locais.

Mas quem são os uigures? Em suma, são um grupo majoritariamente muçulmano (daí a suposta necessidade de luta contra extremismo religioso) que vivem no noroeste da China.

Embora morem na China, falam uma língua semelhante ao turco e se consideram etnicamente próximos das nações da Ásia Central.

Confira depoimentos sobre a situação das uigures nos “centros de reeducação”

Tursunay Ziawudun

Tursunay Ziawudun passou nove meses em um campo na região de Xinjiang. Após sua libertação, ela fugiu de Xinjiang e agora está nos Estados Unidos, de onde conta sua experiência.

De acordo com Ziawudun, mulheres eram removidas das celas “todas as noites” e estupradas por um ou mais homens chineses mascarados. Ela disse que sofreu estupro e tortura em três ocasiões, cada vez por dois ou três homens.

Ziawudun falou com a mídia antes de ir para s Estados Unidos, quando estava no Cazaquistão, onde “vivia com medo constante de que a enviassem de volta à China”. Ela disse acreditar que se revelasse a gravidade do abuso sexual que sofreu e presenciou, e retornasse a Xinjiang, sofreria punições mais severas que antes.

É impossível verificar o relato de Ziawudun por completo por causa das severas restrições que a China impõe aos repórteres no país. Entretanto, documentos de viagem e registros de imigração que ela forneceu à BBC corroboram a linha do tempo de sua história.

Suas descrições do campo correspondem às imagens de satélite analisadas pela BBC, e suas descrições da vida diária dentro do campo, bem como a natureza e os métodos do abuso, correspondem a outros relatos de ex-detidos.

Gulzira Auelkhan

A BBC também entrevistou Gulzira Auelkhan, uma mulher cazacstã que foi detida por 18 meses. Ela conta que foi forçada a despir mulheres uigures e algema-las antes de deixá-las sozinhas com homens chineses.

“Meu trabalho era tirar a roupa acima da cintura e algemar para que não se mexessem”, disse Gulzira Auelkhan à BBC , cruzando os pulsos atrás da cabeça para demonstrar. “Então, eu deixava as mulheres no quarto e um homem entrava – algum chinês de fora ou policial. Sentei-me em silêncio ao lado da porta e quando o homem saiu da sala levei a mulher para tomar banho.”

Além disso, ela afirma que os homens chineses “pagavam para escolher as jovens detentas mais bonitas”.

Para ler na íntegra a matéria da BBC e saber mais sobre a situação dos uigures na China, clique aqui.


Foto: john crozier.