Trabalho Social: muito além do assistencialismo

Trabalho Social: muito além do assistencialismo

Confira o artigo de Jaime de Paula, empreendedor de tecnologia. Engenheiro, PHD em Inteligência Artificial (UFSC), pós-doc na Univalli.

Por Jaime de Paula em 16/03/2021

Em Florianópolis existe um trabalho silencioso que segue seu curso independente de eleições, pandemia, preferências políticas ou religiosas. É o trabalho social realizado nas periferias por operários anônimos que não se deixam abater pelas dificuldades, nem em um ano atípico como 2020.

Por participar de alguns desses projetos desde seu início, posso atestar que são de altíssimo retorno, muito bem organizados, com produtividade invejável a grandes empresas.

Uma das iniciativas pioneiras é a rede IVG (Instituto Vilson Groh), que vem criando oportunidades por meio de educação, inserção social e laboral e, acima de tudo, acolhimento.

Os resultados são crianças e adultos seguindo caminhos melhores para eles e para a nossa cidade.

Outro exemplo sensacional de trabalho social é o “Superando Barreiras”, que começou timidamente em um galpão na Vila União e hoje oferece aulas de jiujítsu para 350 crianças em diversos bairros.

De 2014 até aqui, dezenas de meninos e meninas deixaram de ir para tráfico para subir ao pódio. O desafio do momento é levar dez alunos em dezembro para o campeonato mundial em São Paulo.

Cito ainda o projeto Mama Solidária, que tem possibilitado o resgate da autoestima para muitas mulheres submetidas à retirada das mamas para o tratamento do câncer. A iniciativa une as pacientes que precisam de reconstrução mamária, os cirurgiões que queiram operar gratuitamente e as empresas interessadas em patrocinar a iniciativa.

Seja por uma bolsa de estudo, um curso de capacitação, um lar provisório, um esporte, um cuidado médico especializado, todas essas iniciativas têm em comum o olhar solidário, a empatia. A consciência de que nem todos têm as mesmas oportunidades.

Felizmente, cada vez mais empreendedores estão conseguindo enxergar além das janelas de seus escritórios com vista privilegiada. Mas precisamos fortalecer muito mais o empreendedorismo social.

Afinal, são essas pessoas, nos bairros que não conhecemos pelo nome, que estão reparando alguns de nossos erros como sociedade.

Apoiar é ajudar a transformar vidas.

*Jaime de Paula, empreendedor de tecnologia. Engenheiro, PHD em Inteligência Artificial (UFSC), cursando pos-doc na Univalli, também em IA. Iniciou como executivo de grandes empresas como a BRFoods até fundar a Paradigma e depois a Neoway, onde foi CEO até junho de 2019. Mentor Endeavor e Darwin, investe em mais de 20 startups do ecossistema catarinense de tecnologia. Participa ativamente de projetos sociais como o Instituto Vilson Groh e os projetos Superando Barreiras e Mama Solidária.


Foto: Tim Marshall.