Será que Jesus Cristo era socialista?

Será que Jesus Cristo era socialista?

Muitos discutem qual seria o posicionamento político de Jesus nos dias de hoje. Lawrance Reed responde essa pergunta com passagens bíblicas.

Por Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves em 27/01/2021

Esta é uma pauta sempre discutida entre aqueles que se interessam por política e religião: Jesus Cristo era socialista?

Ora, se o socialismo fosse nada mais do que ser bondoso com as pessoas, então você poderia pensar que a resposta é sim. Mas você pode ser bondoso com as pessoas e ser capitalista. J.D.Rockefeller provavelmente doou mais dinheiro do que qualquer um na história humana (aproximadamente US$10 bilhões ajustados pela inflação) e ele, certamente, era um capitalista. Bill Gates e Warren Buffet também doaram milhões.

Para ter uma resposta precisa para esta questão, é necessário definir socialismo:

Socialismo é a concentração de poder para uma elite para atingir os seguintes propósitos: planejamento central da economia; e uma redistribuição radical de renda.

Jesus nunca pediu nada disso.

Em nenhum lugar no Novo Testamento ele advoga em favor do governo para punir os ricos ou usar impostos para ajudar os pobres, nem promove a ideia de negócios estatizados ou planejamento central da economia.

Em Lucas, capítulo 12, Jesus é confrontado por um homem que quer que ele redistribua a riqueza: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.” Jesus responde: “Homem, quem fez de mim juiz ou árbitro entre vós?” Então ele repreende o homem por ser invejoso para com seu irmão.

E que tal a parábola dos talentos de Jesus? (Talentos eram uma forma de dinheiro na época de Jesus). Um homem confiou sua riqueza a três trabalhadores. Os dois que investiram o dinheiro e tiveram lucro, foram elogiados. E aquele que enterrou a sua parte para não perdê-la foi repreendido. Soa muita mais como um apoio ao capitalismo do que socialismo, não é?

Sim, Jesus falou da dificuldade para um homem rico entrar no céu, mas não porque ter dinheiro é algo maligno. Não é o dinheiro mas sim o amor ao dinheiro, diz o Novo Testamento, que leva ao mal. Jesus estava nos alertando a não por a aquisição do dinheiro e das posses materiais acima da nossa vida espiritual e moral.

Jesus estava promovendo um modelo socialista quando ele expulsou os cambistas do templo em Jerusalém? Novamente, a resposta é não. Perceba o local onde o incidente aconteceu: foi no mais santo dos lugares, a casa de Deus. Jesus não estava bravo com o próprio ato de comprar e vender; estava bravo porque estas coisas ocorreram numa casa de oração. Ele nunca expulsou um cambista de um mercado.

Jesus nos aconselha a ter um espírito generoso, a demonstrar bondade, ajudar a viúva e o órfão. Mas ele claramente mostra que isso é nossa responsabilidade, e não do governo.

Considere a história de Jesus sobre o bom samaritano. Um viajante vai até um homem na beira da estrada. O homem foi espancado, assaltado e deixado quase morto. O que o viajante, o bom samaritano, fez? Ele ajuda o homem no local, com seus próprios recursos. Pergunte a si mesmo: para ajudar os pobres, Jesus prefere que você dê seu dinheiro livremente ao necessitado diretamente, ou a uma instituição de caridade que você confia, por exemplo, ou que fosse taxado por políticos para financiar um burocracia de bem-estar social?

Progressistas gostam de salientar que Jesus disse: “Dai a Cesar o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Mas isto não tem nada a ver com altos impostos ou redistribuição de renda. Foi a semente para a ideia de separar a Igreja do Estado. Certamente não é o mesmo que dizer que qualquer coisa que César exija seja dele, não importa o quanto ele exigir ou para que ele pretende usar.

Então, não há evidência de que Jesus Cristo era socialista. E há muito mais evidência de que ele apoiava o livre mercado.

Além da parábola dos talentos, Jesus oferece sua parábola dos trabalhadores na vinha. Nela, um fazendeiro contrata alguns trabalhadores para colher uvas. Quase no fim do dia ele percebe que precisa de mais trabalhadores para finalizar o trabalho. Para recrutá-los, ele concorda em pagar um dia completo de trabalho por apenas uma hora de trabalho. Quando um deles, que cumpriu um dia completo, reclama, o fazendeiro responde: “Eu não estou sendo injusto com você, amigo. Você não concordou em trabalhar por um denário? Eu não tenho o direito de fazer o que eu quiser com o meu dinheiro?”

A parábola dos trabalhadores na vinha é um testemunho dos princípios de oferta e demanda, da propriedade privada e dos contratos voluntários, não do socialismo.

Jesus Cristo era socialista?

Jesus nunca apoiou a redistribuição forçada da renda. Essa ideia é enraizada na inveja, algo a que ele, e o décimo mandamento, se opõem.

Sobretudo, Jesus se importava em ajudar os menos favorecidos. Ele nunca aprovaria algo que prejudicasse a criação de riqueza. E a única coisa que já criou riqueza e tirou várias pessoas da pobreza foi o capitalismo de livre mercado.

Leia o Novo Testamento. O significado direto do texto é alto e claro: Jesus não era um socialista. Ele não poderia ser um: ele amava as pessoas, não o Estado.

*Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves é Engenheiro de Computação com mestrado e doutorado em otimização de sistemas e IA. Foi professor universitário por mais de 10 anos. É inventor e empreendedor, já tendo criado dezenas de produtos e várias startups. Atualmente ele atua como CTO de empresas de tecnologia criadas por ele mesmo.


Foto: madeleine ragsdale.