Salim Mattar: Estatais zumbis têm proteção do governo

Salim Mattar: Estatais zumbis têm proteção do governo

Ex-secretário de Desestatização afirmou que estatais zumbis têm proteção do governo, por isso é tão difícil privatizá-las.

Por Redação em 26/12/2020

Em entrevista para a Exame, o ex-secretário de Desestatização Salim Mattar falou sobre as dificuldades encontradas no processo de privatização e sobre seu pedido de demissão.

Atualmente, Mattar tem dedicado seu tempo à criação de um instituto de promoção do ideário liberal junto com Paulo Uebel, ex-secretário especial de Desburocratização. Ambos pediram demissão do Ministério da Economia no dia 11 de agosto, descontentes com o andamento das agendas que conduziam. “Estatais como a Embrapa, que dependem do Tesouro, seriam muito melhor geridas na iniciativa privada, mas não se pode nem falar nisso”, afirma.

Mattar falou ainda em estatais zumbis. Ele afirma que a média de salário em algumas estatais brasileiras passa de 30.000 reais, como é o caso da PPSA, enquanto a média salarial no Brasil é de 2.500 reais. “São quase 500.000 funcionários nessas estatais, com garantia de emprego”.

O establishment não é favorável às privatizações. A estatal é um local de poder. O objetivo não é servir ao cidadão, mas servir-se do cidadão.

Salim Mattar

E quem é “o establishment”, que protege as estatais zumbis? Mattar explica que se refere ao Judiciário, ao Executivo e ao Legislativo. De acordo com ele, as vozes a favor das privatizações são isoladas e se restringem a “uma dúzia de gente no Ministério da Economia que quer privatizar”.

A Embrapa, que depende de recursos do Tesouro, é uma empresa que nunca deveria ter existido, devia ser uma autarquia. Criar uma empresa é uma forma que os governantes encontraram para driblar as amarras da lei. Numa empresa, tudo é mais livre, inclusive os salários. A Embrapa presta um bom serviço, mas, se fosse privatizada, a iniciativa privada a transformaria em uma fonte de recursos, algo que hoje não acontece. Mas aí a bancada rural poderia não gostar.

Salim Mattar

Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.


Foto: Agência Brasil,