Represas da Rigesa: Um “vazio enorme”, na terra e no peito.

Represas da Rigesa: Um “vazio enorme”, na terra e no peito.

Se você nunca foi na represa da RIGESA, talvez tenha perdido sua chance. O local, muito bonito, pode dar lugar a outros empreendimentos.

Por Rodrigo Cavalo em 27/05/2021

O fechamento da empresa de embalagens WestRock (RIGESA) em 2019 não deixou apenas 470 vagas de trabalho encerrados e um déficit anual de 5,6 milhões para o cofre público municipal. A saída da empresa da cidade nos deixou um vazio, vazio este maior que o próprio buraco na terra que, faz pouco tempo, cheio de água, era repleto de vida.

Quem nunca parou para admirar, levar seu filho ou neto no alambrado da conhecida “represa da RIGESA” não sabe o que perdeu e, possivelmente, não terá mais a oportunidade para isto.

Situada na Rua Luís Bissoto, Vila Olivo, na cidade de Valinhos, a lagoa era umas das atrações da cidade, com grandes peixes que vinham até a beira do barranco quando alguém lançava um pedaço de pão da calçada. Mesmo sendo uma represa artificial, existia uma harmonia entre peixes, pássaros e pequenos animais que faziam parte do ambiente. Na semana Santa o local era aberto e reunia grande número de amantes da pescaria.

Na parte alta dos bairros próximos como Bom retiro e Monte Verde, tinha-se uma visão linda principalmente ao amanhecer e entardecer, quando era possível ver, por exemplo, da pequena varanda de um apartamento, os raios de sol brilhando sobre as águas, fazendo nos lembrar o quão linda é a natureza e como Valinhos se diferencia das enormes cidades de pedra que conhecemos.

Construída pela empresa em 1983, as represas foram usadas para tratamento dos efluentes gerados pela fabricação de papel, de acordo com os padrões normativos e vigentes. Com o fechamento da unidade, a empresa submeteu para aprovação da CETESB e o aterramento da lagoa artificial começou.

Colocada à venda, a enorme área da antiga empresa WestRock (RIGESA) possui um alto valor imobiliário, localizada na região central da cidade, o local pode ser usado para novos empreendimentos e alavancar o desenvolvimento socioeconômico da região, além de trazer arrecadação de impostos ao município de Valinhos.

Diante do exposto, faz-se necessária algumas indagações que só poderão ser respondidas pelos envolvidos na questão: Há realmente necessidade de aterrar as represas? Um futuro empreendimento no local não poderia ser mesclado com a preservação do ambiente existente? A municipalidade não tem interesse de um parque no local, estilo CLT?

O tempo responderá algumas dessas perguntas.

* Rodrigo Cavalo é bacharel em Direito e pós graduado em Direito e Processo do trabalho. Crítico por natureza.


Foto: Rodrigo Cavalo