Quem vai cuidar dos nossos lobos-guará?

Quem vai cuidar dos nossos lobos-guará?

Segundo Reinaldo Camargo, extinguir a Fundação Florestal sem nem ao menos se tentar alternativas de sustentabilidade, podem colocar os lobos-guará em risco. Na foto, lobo-guará capturado pelos bombeiros em padaria em Campinas(SP) no dia 6 de agosto de 2020.

Por Reinaldo Camargo em 11/08/2020

“E agora lacradores? Pau que bate no “Bozo”, bate nos desprotegidos lobos-guará e nas já combalidas comunidades que integram as 102 unidades de conservação do Estado”.

Tratarei aqui do pronunciamento do secretário do Estado de São Paulo Sr. Mauro Ricardo, que anunciou na Rádio Bandeirantes, no programa Jornal Gente, que pretende extinguir em 2021 dez autarquias e fundações, dentre elas a Fundação Florestal (FF), ligada à Secretaria da Infraestrutura e Meio Ambiente, decisão esta embasada na falta de receita prevista para o ano.

A cada dia que passa vemos que os lacradores de plantão movidos pela guerra política estabelecida pela pandemia, agora terão de enfrentar os resultados de sua política extrema, sem precedentes e sem pudor.

Aviso do Governo Federal

Os mesmos governantes que, no início de fevereiro, acharam de desdenhar do aviso do Governo Federal sobre a existência de uma possível onda de vírus, mantiveram suas festas e seus planejamentos pessoais acima do racional e não respeitaram os avisos, resolveram bater no governo federal e bradaram que o governo queria apenas causar polêmica, que o presidente estava tentando atrapalhar os estados e, para provar isso, disseminaram matérias da OMS – Organização Mundial da Saúde, já naquela época “mais perdida que cachorro em dia de mudança”, a qual dizia para o mundo não preocupar com o vírus em crescimento.

Os mesmos governantes ignoram trabalhos como o aqui indicado como ferramenta de preparação para o que poderia estar por vir.

Por azar dos brasileiros, seguir o desafeto dos lacradores, no caso o presidente de nosso país, seria o fim. Então iniciou-se uma guerra de retóricas, os contra a vida e os a favor da morte, como se fosse legítimo a escolha de uma chefe de Estado escolher que seu próprio povo mora.

Nascem então os extremismos e, mais uma vez, ignoram a declaração do governante em acharmos o equilíbrio entre a pandemia e a economia. Foi a segunda onda de ataques que culminou em um processo jurídico por fim decidido pelo temido e ao mesmo tempo avacalhado Supremo Tribunal Federal que, em decisão inédita, retira do presidente a possibilidade de administrar a pandemia e entrega aos estados e as prefeituras o controle das ações. Foi dada a largada para os absurdos que a história iria e já esta cobrando.

É fato que o extremismo de qualquer lado não gera bons frutos, e tenho de confessar que para este assunto o “Bozo” só acertou, para ruína dos lacradores de plantão.

Agora como desculpa do que era prenunciado e declamado pelo presidente, a preservação dos negócios com cuidado e praticar a verticalidade, serão e são utilizados para exterminar processos em andamento de entidades importantes para o nosso Estado. Sequer pensar em extinção de uma fundação florestal é senão igual ou pior do que o extremismo do “fica em casa pra não morrer”.

Reclamar da falta de recurso sem ao menos sentar e verificar as possibilidades e os trabalhos executados por esta instituição, é no mínimo esquisito, para não dizer, mau caratismo.

Fundação Florestal

É conhecimento de todos já que consta do portal transparência, que a Fundação Florestal administra 102 unidades de conservação que compreendem 15 estações ecológicas, 34 parques estaduais, 33 áreas de proteção ambiental, entre outras.

Consta também, segundo o mesmo portal, que em seus quadros de funcionários, existem 381 profissionais trabalhando e, por conhecimento próprio, já que represento a sociedade civil em uma unidade de conservação em Valinhos, digo: estes profissionais trabalham sem estrutura, sem apoio e sem reconhecimento e mesmo assim não deixam de constantemente pensar em alternativas de parcerias públicos privadas – as conhecidas PPP – para executarem o mínimo de suas atribuições e suas expectativas em relação ao espaço, que nem é deles, é da sociedade.

Também é verdade que desconheço o fato destes funcionários terem aberto mão de 30% de seus vencimentos como imposto pela iniciativa privada, pois a lei não permite, e os mesmos lacradores não permitiriam. Mas agora gestores lacradores ameaçam extinguir por não ter como pagar.

Pergunto: é possível uma coisa destas? Como eu imagino que 70% das pessoas que lerão isto concordarão comigo, peço aos senhores que participem da votação de indignação clicando neste link. É um abaixo-assinado contra a extinção da Fundação Florestal.

É extremamente importante a participação da sociedade neste abaixo-assinado, não para que o governo seja derrotado, não queremos isto, queremos que o governo sente com os gestores e pense em alternativas e não “lacre” em assunto tão serio.

Lobos-guará

Comecei falando do presidente da República, agora carinhosamente chamado de “Bozo”. Fiz um texto defendendo de certa forma que tivessem sido respeitados os avisos em fevereiro, defendendo também que tivéssemos feito o isolamento vertical, como eu pratiquei em minha família. Por isto sou chamado carinhosamente de “Gado”. Terminei falando dos funcionários públicos ou trabalhadores das fundações, agora pintados pelo governo como “Chupins” ou, na melhor das hipóteses, de estorvo a possibilidade de pagamentos que estão comprometidos pelo Estado sem renda. E terminarei perguntando ao mesmo governo que eu chamo de “Pavão”, quem vai cuidar dos nossos lobos-guará, de nossas jaguatiricas e das matas de nosso Estado?

*Reinaldo Camargo é formado em administração, com ênfase em mercadologia, empresário do ramo de arquitetura corporativa, defensor e praticante contumaz da responsabilidade social como ferramenta de crescimento pessoal e espiritual, conservador e idealizador do projeto “Vereador de um mandato só”. É também pré-candidato a vereador pelo partido Patriota-51 em Valinhos, São Paulo.


Foto: reprodução/A Cidade On.

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