Professores “de direita” perseguidos contam suas histórias: “precisei de escolta policial”

Professores “de direita” perseguidos contam suas histórias: “precisei de escolta policial”

Ser "de direita" (pauta econômica) não é sinônimo de ser conservador (pauta social). Ser "de direita" significa defender livre mercado, facilidade para comprar, vender, contratar e demitir, abrir e fechar seu comércio. Muitos liberais até questionam se o próprio Bolsonaro é "de direita." Entretanto, professores relatam hostilidade ao se posicionarem contra qualquer coisa intrinsecamente atada a agendas esquerdistas.

Por Redação em 20/10/2021

Alguns professores que se declararam “de direita” ou “conservadores” contaram que foram perseguidos e detalham suas histórias. A estrada deles não foi fácil.

As histórias de três professores “de direita” perseguidos

Docente Ramon Lima dos Santos, ex-docente da UFPI, precisou de escolta policial

Na tarde de 7 de dezembro de 2016, Ramon Lima dos Santos, então professor de filosofia da UFPI, passou três horas preso em uma sala, ameaçado por centenas de pessoas que batiam nas portas, supostamente exigindo que ele saísse para ouvir, em silêncio, um sermão contra suas posições ideológicas.

Santos se expressava (como é direito dele), fazia posts criticando pautas da esquerda em suas redes sociais, e também criticou frases ditas por alunas, como “eu sou puta demais para ser policial.”

Post polêmico dizia que estudantes eram "putas demais" para serem policiais (Foto: Reprodução Facebook/OitoMeia)
Post do professor Ramon Lima onde ele enaltece policial feminina e critica frases e jargões ditos por alunas (“somos putas demais para sermos policiais” e “empoderamento de buceta”)

Ele afirma que entrou para o radar da militância pela primeira vez depois de um congresso realizado num auditório da universidade, com o tema “Conservadorismo e Cultura”.

“O evento aconteceu na sexta-feira anterior ao ataque. Eu estava na plateia. Os militantes se reuniram do lado de fora e tentaram invadir. Algumas pessoas, incluindo eu, se levantaram e ficaram segurando a porta. Até que cedemos. Eles entraram e marcaram algumas pessoas, incluindo eu”, conta Ramon.

Na quarta-feira em que foi vítima de cárcere e ameaças, o professor precisou ligar, de dentro da sala, para a Polícia Federal – a única força autorizada a entrar nas universidades federais. “A Polícia Federal passou muito tempo conversando com os manifestantes. Nesse meio tempo chegou a imprensa e eles hostilizavam os repórteres.”

A justificativa dada por alguns alunos no incidente é de que o professor seria machista e racista.

Rodrigo Jungmann teve o computador quebrado e sua sala vandalizada com pichações dizendo “Stalin matou pouco”

Dois dias depois do primeiro turno das eleições presidenciais, numa terça-feira, 9 de outubro, um grupo de estudantes promoveu, dentro das instalações da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, a exibição do filme Bonifácio.

Rodrigo Jungmann, professor de filosofia que reservou a sala onde aconteceu o evento, sofreu ameaças. “A cantina foi cercada por cerca de trinta estudantes e a guarda universitária disse que não poderia garantir minha integridade física e iria me conduzir até minha casa.”

Ele precisou colocar (com dinheiro próprio) grades nas portas e janelas de sua sala desde que, em 2016, o local foi invadido. Um computador foi jogado no chão e as paredes foram pichadas com as frases “Burguês de merda” e “Stalin matou pouco.”

Obviamente, uma pessoa que elogia o genocídio em nome do socialismo e do comunismo, é um perigo para os que discordam dela.

Em outra ocasião, ele foi hostilizado ao defender a Escola sem Partido. “Quando teci críticas a Paulo Freire, um professor retirou o microfone da minha mão, dizendo que não admitiria críticas a Paulo Freire naquela instituição”.

Ao ir embora, seu carro foi cercado por mais de 100 pessoas que o chamavam de fascista. Sobre a invasão de sua sala, o professor reclama da falta de apoio: “a reitoria foi completamente omissa, não prestou nenhuma solidariedade”.

Professora de história foi de fascista nas últimas eleições por ter apoiado Bolsonaro contra Haddad

No ano das últimas eleições presidenciais, uma professora de história de uma escola de ensino médio passou por um constrangimento depois que, em sua rede social, anunciou o apoio a Jair Bolsonaro.

Numa sala de aula específica, os alunos cobriram uma parede inteira com cartazes contendo os dizeres ‘Ele não’ e ‘Fascistas não passarão’. Quando eu comecei a dar aula, uma boa parte deles virou de costas”. Ela chegou a conversar sobre a importância da liberdade de expressão, e a coordenadora disciplinar usou um horário para que ela conversasse com os alunos.

A educadora afirma que não são apenas os professores de direita que são perseguidos, mas alunos também: “O clima melhorou um pouco, mas continuou muito tenso. Alguns alunos se solidarizaram comigo, mas discretamente, porque têm medo da patrulha ideológica.”

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Foto: reprodução/YouTube.