Professor da USP defende c19study de acusação falsa

Professor da USP defende c19study de acusação falsa

Daniel Tausk, professor de matemática da USP, defendeu que o site c19study de uma acusação falsa. A polêmica se deve ao fato de o site embasar a ideia de que o tratamento precoce pode ser benéfico.

Por Redação em 12/01/2022

Daniel Tausk, professor de matemática da USP, defendeu o site c19study. A polêmica está no fato de que o site dá embasamento ao tratamento precoce.

O c19study foi criado por cientistas que preferiram trabalhar de modo anônimo. Essa decisão foi tomada depois que Didier Raoult, o cientista francês que propôs o tratamento da Covid-19 com hidroxicloroquina e azitromicina, passou a sofrer ameaças de morte.

O site se propõe a catalogar todos os estudos de tratamentos para a doença causada pela pandemia. Eles possuem seções inteiras sobre a hidroxicloroquina, ivermectina, vitamina D, Vitamina C, bromexina, fluvoxamina, entre outros. No dia 5 de abril de 2021 a soma era de 538 estudos.

Entre os medicamentos com mais artigos estão a hidroxicloroquina, com 277, a Ivermectina com 49 e a vitamina D, com 65.

Como a “treta” começou

Um professor de física da Unicamp, Leandro Tessler, criticou o c19study dizendo que uma medida estatística importante (p-valor) não era confiável.

P-valor é um termo da estatística que define o quanto do resultado apresentado, como a eficácia de um fármaco, pode ser fruto do acaso. No caso do c19study, os cálculos de p-valor representam valores bastante baixos, indicando que os efeitos, como reduções de mortalidade, vem realmente dos medicamentos.

Entretando, Tessler afirmou o seguinte: “Eles simplesmente multiplicam os diferentes p-valores, obtendo valor de p-valor muito baixo”.

Para o físico, era um grande mistério de onde surgiu o cálculo. Ele desafiou que lhe explicassem isso.

Os prints, assim como os diamantes, são eternos. Link do twitter do físico aqui. (aqui uma cópia caso ele apague)

Professor de matemática da USP defende a validade do c19study

Daniel Tausk, professor de matemática da USP, explicou: “Eles contaram 172 estudos positivos em 219. Fazendo o teste de sinal, o p-valor unicaudal é a probabilidade de ter ao menos 172 caras em 219 lançamentos de uma moeda honesta. Fazendo no R, o p-valor é 1 em 327 quadrilhões, como eles dizem”.

Tausk enviou esta imagem para explicar a matemática da meta-análise.

“Agora, se é razoável contar que são 172 estudos positivos em 219 é outra história. É um trabalho monumental que eles fizeram, mas essa parte da conta é trivial e tá certa”.

Tausk, que tem se aprofundado nos estudos randomizados de diversos tratamentos e recentemente deu um aula para o Ciclo de Palestras de Chapecó, onde explicou, junto com Flavio Abdenur, outro doutor em matemática, as meta-análises de tratamentos, como a do professor Harvey Risch, de Yale, manteve o foco na questão principal, a origem do cálculo do p-valor, entendido como “misterioso” pelo físico da Unicamp, não em todos os aspectos meta-análise.

“Enfim, como a meta-análise deles é um trabalho hercúleo, é muito difícil conferir (todos os detalhes). Agora, 100% mentira que esses p-valores baixos estão saindo de multiplicação de p-valores”.

“Acho ótimo que pessoas se disponham a corrigir problemas nesse site, mas é fundamental que os problemas apontados sejam os problemas reais e não problemas imaginários”, complementou Tausk em um post completo em seu facebook, inclusive com a explicação técnica para quem é da área.

A resposta estava no próprio site

Detalhe: está logo no segundo parágrafo da introdução a explicação de como o p-valor foi calculado, citando o teste pelo nome, inclusive.

hcqmeta.com

Tessler assumiu que não leu o estudo que se propôs a “destruir” em nome da Unicamp e divulgou informação falsa ao dizer que os valores de p da meta-análise eram multiplicados.

Em defesa do c19study

O professor de medicina Peter McCullough, da Universidade de Baylor, uma das mais conceituadas dos EUA, ao conceder uma entrevista para a SkyNews da Austrália, repetiu o número de valor p da meta-análise, com os valores apresentados na época da entrevista: “Apenas uma em 17 bilhões a chance da hidroxycloroquina não estar funcionando”.

Cada novo estudo que entra na análise, o valor muda, para mais ou para menos. Hoje, 4 de abril, o estudo indica o seguinte: “HCQ é eficaz para Covid-19. A probabilidade de um tratamento ineficaz gerar resultados tão positivos quanto os 231 estudos até o momento é estimada em 1 em 3 quatrilhões”.

O professor McCullough é um cientista de altíssimo nível. Ele possui um índice-H, referência da produção científica, de 113, uma classificação altíssima. O professor Peter é editor de duas grandes revistas em seu campo de atuação na medicina. Ele é um dos cientistas mais publicados no mundo quando se refere a coração e rins.

Outro cientista de alto nível que já usou os dados do c19study em suas apresentações é o professor Didier Raoult, diretor do IHU — Mediteranée Infection, um dos centros científicos mais produtivos de toda a Europa. Raoul, cientista premiado com as mais altas distinções francesas, possui um impressionante número de 195 068 citações em artigos científicos.

Para mais detalhes, clique aqui.


Foto: reprodução/Facebook.