Uma empresa de venda de eletrodomésticos resolveu adotar uma estratégia de marketing que causou polêmica: ela abriu um processo de trainee só para negros.
É ilegal implementar um processo seletivo que exclui candidatos com base na cor da pele, mas a campanha continua e está tendo bons resultados – o nome da empresa chegou ao cobiçado trending topics do Twitter.
Enquanto isso, ao receber a notícia sobre o processo de trainee só para negros…
Do outro lado da cidade, na Zona Leste, um menino que, apesar da origem abençoadamente miscigenada, teve o azar de nascer com a pele um pouco mais clara do que o aceitável pelo tribunal que julga quem é negro e quem não é. Ele leu a notícia com preocupação. Logo ele, coitado, que vinha estudando com afinco o verbo to be a fim de ser aceito no programa de trainee de uma grande empresa.
Para este jovem, a vida nunca foi moleza. Ele nasceu branco aos olhos do tribunal racial inventado por um publicitário fã de Harry Potter, mas isso não quer dizer que seja privilegiado. Por exemplo, o ensino que a escola pública lhe deu sempre foi precário.
Que azarado. Não bastasse o ônibus lotado, a escola caindo aos pedaços, a casa apertada e o dinheiro contado, agora mais essa. Ele, que é uma boa pessoa e que nunca se viu como branco, simplesmente porque tem pessoas de vários fenótipos na família e sempre se viu como mais um, talvez encare os amigos com um olhar diferente a partir de agora.
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Resultado: o aumento da divisão
Talvez olhe para o Geraldo, com uma pele ligeiramente mais escura do que a dele, e pense “Ah, se eu tivesse nascido com um pouquinho mais de melanina…”. Pode ser que ele ceda ao pecado da inveja ou do ressentimento.
Talvez ele mereça uma chance e possa ser útil a empresa. Não por ser branco, preto, amarelo ou vermelho. Tampouco por ser, nesse momento, pobre, rico ou remediando. Simplesmente, entretanto, por ser inteligente, esforçado e, quem sabe, talentoso.
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Foto: Sam Balye.