Porque é difícil parar o Terça Livre?

Porque é difícil parar o Terça Livre?

Como o Terça Livre tem se protegido das investidas da STF.

Por Matheus Valadão em 17/06/2020

No dia 16 de Junho de 2020 ocorreu mais uma operação da Polícia Federal na casa de Allan dos Santos (blogueiro e fundador do Terça Livre). Essa operação foi ordenada dentro do “inquérito das ações antidemocráticas”. Semanas atrás, Allan foi afetado por outro inquérito do STF (o do “inquérito das fake-news”).

Independente de nossas opiniões pessoais em cima do Allan dos Santos ou sobre os Inquéritos do STF, uma coisa é indiscutível: o establishment é inconformado com a existência do Terça Livre. Um dos motivos é a dificuldade em impedir a manutenção do site no ar.

Enquanto a maioria dos portais BolsoOlavistas vivem da remuneração do Google Adsense e de sites de vaquinhas, o Terça Livre tem estruturas próprias de Vaquinhas (como o eufinanciooterçalivre.com) e não tem anúncios linkados ao Google. Isso protege o Terça Livre de iniciativas como a Sleeping Giants Brasil (perfil do twitter que pressiona empresas e sites de vaquinhas que financiam sites ditos de “fake-news”).

Terça Livre possui uma diversificação de conteúdos e de produtores de conteúdo em sua grade. Enquanto Rey Biannchi tem seu celular e computador apreendido (impedindo a produção de seus conteúdos), o TL possui Italo Lorenzon, Fernando Melo, Max Cardoso, José Carlos Sepúlveda e Paulo Figueiredo como colaboradores que podem atuar em uma ausência do Allan.

O financiamento do Terça Livre deriva de um crowdfunding próprio (não hospedado em um site terceiro), os super chats do canal do Youtube, venda de livros, cursos e da Revista Semanal que produzem. Isso permite ao site uma fonte regular de recursos desvinculados de sites terceiros (que podem prejudicar a remuneração do portal no caso de uma pressão de influenciadores como o “Sleeping Giants”).

“O financiamento do Terça Livre deriva de um crowdfunding próprio (não hospedado em um site terceiro), os super chats do canal do Youtube, venda de livros, cursos e da Revista Semanal que produzem. Isso permite ao site uma fonte regular de recursos desvinculados de sites terceiros.”

Existem acusações de que a Secretaria de Comunicação da Presidência da República financie o site por meio de publicidade estatal. Mas isso havia acontecido devido ao Google Adsense ter alocado de forma automática as verbas de acordo com os sites que mais falavam de política. E independente disso, foram 32 reais de publicidade estatal (insuficiente para cobrir nem 1% dos gastos mensais do site). Enquanto blogs de esquerda como o “Blog do Rovai” ganhou 157 reais. Já o Diário do Centro do Mundo (DCM TV), outro canal de esquerda no Youtube, recebeu R$ 81,72. Isso não impede do Terça Livre continuar sendo criticado por grupos como o MBL, que repetem a frase “Terça Livre recebeu dinheiro público”. É verdade, mas diferente de “Terça Livre se mantém com dinheiro público”.

Por fim, o Terça Livre se diferencia dos demais sites BolsoOlavistas no layout, na música de fundo, estilo próprio. Isso dá uma vida longa já que o Terça Livre já existia antes do Governo Bolsonaro e continuará existindo depois do Governo.

Tenho diversas críticas ao Terça Livre e na atuação do Allan dos Santos mas seu grupo não pode ser colocado no mesmo balaio de extremistas como a Sara Winter, sendo a face mais profissional do bolsonarismo. Mostrando que pra vencer o Allan, todos os grupos opostos vão ter que se esforçar mais.

*Matheus Valadão é estudante de Economia na Unicamp. Foi um dos fundadores do Unicamp Livre e ocupou a Coordenação de Comunicação do DCE da Unicamp no ano de 2018 (único ano com uma gestão mais ao centro). Hoje é Coordenador Local do Students for Liberty Brasil.


Foto: divulgação.