O que podemos e devemos esperar da nossa imprensa pós-pandemia?

O que podemos e devemos esperar da nossa imprensa pós-pandemia?

Como mudar o "atual clima político", seria iniciando pela nossa outrora respeitável imprensa?

Por Antoine Saad em 02/06/2020

Esta semana eu postei na net um fato do popular personagem “Toninho Malvadeza” ocorrido muitos anos atrás com o ex-presidente, Itamar Franco. Isso ocorreu há quase 30 anos, sobre o famoso dossiê feito de recortes de revistas e jornais. Pasmem vocês, pois depois de décadas, hoje tudo continua a mesma coisa. Principalmente quando a imprensa arvora-se fazer ”determinadas denúncias” e as mesmas são vazias.

Mas uma coisa eu vos digo: quem tem que mudar primeiro é a imprensa, pois, mesmo desgastada, ainda é ela que cria condições ou não para surgir os “possíveis candidatos” que projetam-se do dia para a noite. E todos sabemos que sem a imprensa que projeta ou detona alguém não tem candidato que se sustente. Mas creio que a imprensa – que tem um valor inestimável para a democracia – necessita inserir-se muito mais nas redes sociais. E assar veicular informações utilizando-se a mesma linguagem que a nova sociedade consome e também posta suas ideias e informações.

Não adianta ficar apostando na velha e desgastada fórmula de notícias convencionais. Cada vez menos e menos irão ler, ver ou mesmo escutar! Portanto, mudem a forma de elaborar e veicular suas notícias ou então irão perder cada dia que passa os seus fiéis leitores, telespectadores ou ouvintes.

Ou seja, passem a veicular textos mais enxutos e objetivos. Até porque a crise econômica que nos espera no pós-pandemia irá deixar as pessoas com menos tempo para ficarem ”acomodadas” lendo, assistindo ou mesmo escutando o velho e sempre valoroso rádio que, pra mim, ao lado das revistas – que terão enormes chances de passarem ser 100% digitais, com isso, acompanharem as tendências do mundo todo, que é serem lidas via smartphone – é o veículo mais prático de todos para readequar-se à essa ”nova realidade” pós- traumas que nos será deixada por essa triste pandemia.

Digo e repito, senhores empresários e profissionais da imprensa, bem como na mídia em geral: tragam as opiniões da sociedade para dentro das suas redações. Para isso tratem de veicular mais comentários e opiniões dos mais variados extratos sociais.

Nós já sabemos que o mundo cada vez mais vai girar nas redes sociais. Exemplo foi a recente eleição presidencial que elegeu o raivoso Bolsonaro. E caso não revejam seus conceitos editoriais, com certeza, pode ser outro qualquer, vir ter o mesmo sucesso eleitoral.

Se a imprensa informa na linguagem das redes sociais acredito que as coisas podem mudar. Mas se continuarem passando essa imagem de uma ”imprensa vendida”, como a maioria da sociedade vem verbalizando nas ácidas críticas contra esse manjado – e, por isso mesmo, já desgastado – viés de jornalismo, nada vai mudar.

Tem um exemplo recente. Uma moça fez uma campanha nas redes sociais contra o “Cota Zero”, que seria implementado pela SEMA-MT. Conseguiu apoio da maioria dos deputados e, com isso, conseguiu também o arquivamento do “Cota Zero”. E bastou isso para já se lançar candidata a vereadora, mesmo sendo contra um projeto que iria ajudar muito a conservação da piscicultura e biodiversidades dos rios de Mato Grosso.

A imprensa precisa filtrar – não confundir com censurar – as atitudes de pessoas com “determinados objetivos” e não as projetarem em generosos espaços na mídia dita convencional. Exemplo disso é o atual deputado federal Carlos Bezerra. Ele nunca vai sair de protagonista no MDB, para coadjuvante. Faz mais de 2O anos que resido em Mato Grosso. Já nos primeiros meses na capital Cuiabá fiquei sabendo quem é o legendário Bezerra. E pelo andar da carruagem, vai continuar mandando.

Então, quem coloca o Bezerra em evidência é a imprensa convencional, pois nas redes sociais ele é inexpressivo, um analfabeto digital. O mesmo acontece com os Campos e com a família Pinheiro.

Dentre vários amigos que são proprietários de sites, tenho um deles que diz não ter políticos de “estimação”. Aí então não tem recursos para sustentar o site. Resultado; falou que vai fechar.

Fazer contratos publicitários com órgãos públicos para informar a sociedade na correta aplicação do dinheiro público, está previsto nas leis de nosso país, pois é algo de grande interesse da população. Não vejo nada de mais. O que está errado são os “agentes públicos” que estabelecem a pior ditadura contra a imprensa: a ditadura econômica. Pois basta que veiculem algo que não vai de encontro aos seus interesses – muitas vezes até inconfessáveis – que eles cortam a verba publicitária. Ou seja, basta que se faça uma denúncia de corrupção que a primeira reação é cortarem a verba de publicidade do veículo que arvorou-se denunciar as maracutaias do gestor do dinheiro público.

Governante nenhum vive sem a imprensa. Então vão à luta, saiam da zona do conforto do dinheiro fácil. O exemplo mais recente disso foi o Bolsonaro arrumar uma guerra com a imprensa que, convenhamos – certa ou errada – é uma guerra perdida. Mas, ao invés de ignorá-lo, vão lá no “cercadinho do alvorada” dar voz a ele. Se falam bem ou mal não importa. Todos os dias o Bolsonaro ocupa a maior parte do noticiário, pautando toda imprensa. Agindo assim irão continuar a promovê-lo.

Estão certos os grupos Globo, Folha e Estadão ao saírem do “cercadinho” alegando falta de segurança aos seus profissionais. Mas teriam que ignorá-lo, parar de dar palanque a ele. Assim iria diminuir essa exposição e passariam a privilegiar outros mais ponderados. Mas não, vão procurar o Dória. Então eu vos pergunto aqui e agora: quem está errado, os políticos ou a imprensa?

O após-pandemia está próximo, se Deus quiser! E ele, Deus, há de querer! Imprensa, por favor, reinventem-se! Chega de cobrirem só desgraças e dar gás à essa polarização que está acabando com o Brasil e os brasileiros de todos os extratos sociais. Sem exceção! Senão, sei lá onde vamos parar.

*Antoine Saad é empresário em Mato Grosso.


Foto: divulgação.