O que explica o baixo desempenho do Partido Novo e como resolver isso

O que explica o baixo desempenho do Partido Novo e como resolver isso

Matheus Valadão explica, na sua visão, os erros que levaram ao baixo desempenho do Novo nas eleições de 2020 e como resolvê-los.

Por Matheus Valadão em 19/11/2020

Na live dessa terça, 17 de novembro, o Presidente Nacional do Novo Eduardo Ribeiro comentou os resultados do partido. Ele disse que os 29 vereadores eleitos estavam na meta (que era de 25 a 40) mas abaixo do potencial. Não considerou um baixo desempenho do Partido Novo nas eleições 2020.

Na hora de endereçar os problemas do partido ele focou em amenidades, fugiu do assunto e não tratou do cerne do que nos levou a não eleger a quantidade de vereadores que esperávamos.

Quais são os problemas que levaram ao baixo desempenho do Partido Novo nas eleições 2020

  1. Postura Dúbia do Partido em relação ao Bolsonaro: diante dos diversos erros dessa pandemia, dizer que somos independentes custou votos. E com deputados (Lucas Gonzalez e Marcel Van Hattem) esticando a corda não querendo o partido na oposição, acabamos pagando o preço. Até o Marcel pagou, ao não eleger seu candidato a vereador em Porto Alegre, o TJ Albert. MG elegeu menos vereadores do que deveria. O Nordeste não elegeu ninguém. É sinal que o público do Novo puniu os diretórios e candidatos bolsonaristas e isso fez mal para as chapas como um todo.
  2. O Novo ainda carece de mais organização. A ideia é de um partido startup porém é necessário preparar melhor os candidatos para terem estrutura básica, inclusive nas redes para se prepararem desde cedo para uma campanha. O problema não foi dinheiro, as campanhas do Novo desse ano tiveram mais recursos do que as de 2016 e não tiveram votos que condizem com todo esse dinheiro investido. Janaína Lima é uma excelente vereadora, teve uma campanha com uma boa soma de recursos e não foi a puxadora de votos que se esperava…o mesmo com o Diogo da Luz. Algum problema está acontecendo. E precisamos ver para corrigir.
  3. Partido pode ter tendências e opiniões contrárias mas é diferente de alguns candidatos e mandatários tratarem o Amoêdo como uma Geni. Nem o PT que tem o Lula com vários processos trata seu líder como uma minoria barulhenta de filiados tratam o João Amoêdo. Sabará ficou xingando o Amoêdo e filiados e o DN não respondeu. E esse pessoal trata o João assim com um motivo.
  4. O motivo é que ficamos com medo de perder votos. Os mandatários ficam com medo dos bots bolsonaristas e alguns candidatos querem o “voto conservador” e pra isso ficam lustrando o Jair.
  5. Amoêdo não fez o Novo perder votos de forma significativa. Isso é coisa de bolha Ancap e bolsonarista. É só olhar que a maioria dos eleitos do Novo esse ano são da ala amoedista e não foram eleitos tantos bolsonaristas nem no Novo e nem nos demais partidos.
  6. A culpa é nossa. Perdemos tempo demais nos colocando como independentes, não repudiando filiados que aceitaram cargos de governos que não somos base (Salles, Sabará, a Isabel Teixeira, mulher do presidente do DM paulistano) e um candidato a federal que aceitou ser subprefeito na gestão Bruno Covas.
  7. Gastamos tempo demais com uma comunicação errada e pouco efetiva. Os problemas do partido são menores que os demais mas parecem mais difíceis de se resolver do que nos partidos velhos.

Ficamos gastando material e recursos demais panfletando em locais que não teremos voto no curto prazo e esquecemos nosso eleitor. O eleitor do centro-sul, de classe média e que agora quer o Novo na oposição ao Jair.
Não demos isso pra ele e por isso perdemos esse voto em 2020.

O Novo precisa mudar e, pra mim, temos que melhorar

Pra mim o Novo melhora da seguinte forma:

  1. Remunerar os dirigentes para trabalho integral e com cobrança e voto direto dos filiados com a avaliação permanente e direito a recall da mesa diretora com um número X de assinaturas.
  2. Os membros do partido podem se associar a movimentos cívicos desde que não sejam movimentos de esquerda. Eles precisam poder se engajar em outros locais alem do Novo…são nesses locais que vão virar conhecidos para se elegerem nas cidades, estados e país.
  3. Temos que melhorar nossa comunicação e ser menos certinhos. A comunicação do MBL pode ser um modelo.
  4. Permitir alianças regionais do Novo com outros partidos. Com critérios: se o Novo ocupar a vice….a chapa majoritária não pode usar o fundão. Tem muito político bom em partidos “velhos”. Precisamos ter maturidade para agirmos onde não tivermos um candidato majoritário do Novo.
  5. Colocar jovens do partido para fazerem lives debatendo assuntos do partido e do país. Eu recomendaria a Letícia Arsênio, o Hector, dentre outros. O Novo fica demais como partido de “tiozão” e empresário. E se afasta do jovem.
  6. Investir em formação de lideranças universitárias. É a forma mais barata para formar lideranças políticas. Pensamos muito em empresários como candidatos e muitos não sabem se comunicar….povo acostumado a lidar com esquerda em DCE sim.
  7. Fazer chapas de deputados federais e estaduais nos Estados. Mesmo naqueles que não tem candidato a governador. Dobradinha entre candidatos diminui custos e ajuda a dobrar as nossas representações.
  8. Em SP colocar nossos melhores nomes para termos chance de votação alta. Daniel José, Heni, Poit, Janaina, Alexis etc. O mesmo em MG e PR (com o João Guilherme como nosso Federal).
  9. Novo precisa virar oposição ao governo federal. Essa eleição mostrou isso.
  10. Os cursos de formação política tinham que ser gratuitos ou custo muito baixo. Alto valor das coisas da Fundação Novo é meio impossível de ensinar os filiados.
  11. Precisamos nos colocar sem medo de perder votos como um partido voltado a classe média e centro-sul. Bolsonaro e seus erros deixaram a população carente de uma oposição de Direita.
  12. Reformular o processo seletivo de majoritária com prévias abertas e debates abertos. Pra preparar candidatos para debate e enfrentamento. Com votação para formação de listas tríplices. Quem desistir…assume o seguinte. E aí é escolhido o vice.

Assim o Novo continuará com seus ideais (não usar fundão, austeridade e combate a corrupção) e saberá enfrentar os seus desafios.

*Matheus Valadão é estudante de Economia na Unicamp. Foi um dos fundadores do Unicamp Livre e ocupou a Coordenação de Comunicação do DCE da Unicamp no ano de 2018 (único ano com uma gestão mais ao centro). Hoje é coordenador local do Students for Liberty Brasil.


Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil.