O termo liberalismo entrou no top trend brasileiro nos últimos anos em função da efervescência política pela qual temos passado. Apresentou-se para a sociedade em diferentes versões, atingindo diferentes plateias. O “liberalismo à brasileira”.
Aos jovens, cansados do discurso estudantil estilo século passado, o liberalismo veio embalado na figura dos movimentos de Rua que prometiam trazer uma voz renovada, engajada a uma realidade que cheirava naftalina ou uma bituca de marijuana esquecida no meio das rodas de violão na Vila Madalena.
Aos maduros, que nunca tiveram tempo pensar em conceituar os seus valores, princípios e estilo de vida … surgiram novos partidos no cenário político carregando essa bandeira. Subitamente, o liberalismo, um” jovem” nascido no século XVII, passa a fazer parte das rodinhas de conversas como o hit desse momento. Ele estimula a curiosidade de muitos daqueles que estão exaustos da esquerda, mas também dos que não acham o termo direita atraente o suficiente. Esses, rapidamente se apaixonam pelo liberalismo e o adotam com o orgulho que um certificado de Harvard na parede traz a um cidadão.
Com o término de um período de décadas de um governo declaradamente de esquerda, o Brasil começa a experienciar um ligeiro sabor de liberalismo econômico em seus programas federais, e também a entrada e atuação de novos representantes em outros poderes.
A partir daí, o cidadão brasileiro vem construindo a sua experiência com o liberalismo na prática, tentando decifrá-lo e tendo sua própria visão sobre ele. Muitas dúvidas vão surgindo: É uma visão econômica? Um estilo de fazer política? Uma filosofia moral? Uma nova loja da Oscar Freire? E cada, um com sua experiência e descoberta, vem trazendo a essa novidade, “liberalismo à brasileira!”
O primeiro mandamento que chega ao cidadão através da bandeira do liberalismo é a LIBERDADE – valor que instantaneamente conecta-se à essência do brasileiro, que se apaixona facilmente pela palavra, associando-a a altos voos de asa delta sobre o Arpoador. Porém, abruptamente se depara com uma gigante montanha a sua frente, que é o próximo mandamento: a RESPONSABILIDADE.
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Essa palavra, diferentemente da outra, aparentemente não causa tanto conforto a nossa cultura. Talvez porque, para boa parte das pessoas, traz sentimentos que remetem nosso povo a esforços, boletos vencidos, e saldos vermelhos no fim do mês.
Outra máxima que o liberalismo prega é o ESTADO PEQUENO. O Brasilzão é um país continental, traz ao brasileiro um grande orgulho pelo seu amanho territorial. E daí, ao povo fica difícil a compreensão de desenvolver um país gigante, com um governo pequeno.
E se faltar governo para gerir o país? Quem poderia ser o responsável para governar? O povo? Mais essa? Para citar apenas mais um dos princípios básico do liberalismo, falemos da SOBERANIA DO INDIVÍDUO, que é o exercício das habilidades humanas da gerência da própria vida, mas que na mente criativa do brasileiro, corre-se o risco de ser associado com um certo fascínio ao poder, sem a estreita relação com seus direitos e deveres.
O liberalismo está mais presente no Brasil, e essa realidade tem que ser vista como muito positiva, pois certamente trará novas visões e preenchimento a muitas áreas e valores culturais que hoje não nos deixa evoluir. O brasileiro está em um namoro com o tal do liberalismo… Ainda é o início do relacionamento, está conhecendo a família, sofrendo adaptações, inseguranças. O que o brasileiro precisa é de mais tempo, pois o liberalismo é mesmo moça de família… Traz trabalho na conquista, muitas responsabilidades, porém traz com ele o prazer dos longos relacionamentos, construídos com base na confiança, na liberdade e na dedicação.
Assim que o nosso povo estiver pronto para abandonar de vez os seus valores juvenis e assumir a vida madura, todos os valores atados por essa filosofia, que são fundamentais para a plenitude do ser humano, como liberdade, responsabilidade, dedicação, mérito, irão se refletir de uma forma triunfante para o crescimento do Brasil. Que a moda pegue!
Foto: divulgação.