Ilhas de inteligência num mar de dados

Ilhas de inteligência num mar de dados

Temos a nossa disposição um mar de dados: e o que isso agrega? A priori, nada. É preciso saber usá-los para que eles tenham algum valor.

Por Jaime de Paula em 21/07/2021

A internet nos proporciona um mar de dados. Mas não adianta ter todos os dados do mundo se você não souber o que fazer com eles.

Cada vez mais empresas se dão conta que sua sobrevivência depende deles, mas a maioria ainda precisa aprender a nadar nesse oceano de terabytes. É aí que se destacam as que mergulham na cultura data driven e incluem a ciência de dados na estratégia do negócio. Porque por mais complexa que pareça (e seja) a captação, organização e aplicação inteligente dos dados, a questão é simples: eles só farão sentido se estiverem orientados ao mesmo objetivo da empresa, seja do tamanho ou segmento que for.

A partir do momento que a tomada de decisão passa a ser lastreada em informações numéricas e não em intuições ou achismos, fica mais fácil navegar. E, para isso, todo o processo organizacional deve se basear na mesma bússola (ou GPS, para atualizar a expressão), do início ao fim da sua cadeia produtiva e de serviços. Incluir machine learning na estratégia do seu negócio ajuda a criar essa cultura de tratar, filtrar e então transformar dados em valor.

Quando os processos da organização são orientados por informações fidedignas, não se perde tempo com tarefas e esforços pouco úteis e é possível focar as energias muito mais no objetivo final. Ao tempo que ensina a inteligência artificial a aprender, o machine learning possibilita automatizar afazeres rotineiros de tecnologia da informação. A gama de oportunidades que se abre com a cultura data driven abarca toda a cadeia de valor de segmentos inteiros, tendo início na pesquisa e desenvolvimento e chegando até a predição de tendências.

Navegando no mar de dados: use inteligência artificial para enxergar o que não é visível a olho nú

Produção e logística de distribuição; venda ao consumidor final, seja em loja virtual ou física; forma de exposição nos canais de comunicação; avaliação pelo cliente; assertividade em marketing e publicidade; probabilidade de inadimplência; identificação de clientes em potencial. Praticamente não há etapa que não possa contar com a ajuda do aprendizado de máquina. A inteligência artificial enxerga o que não é visível a olho nú. É um novo horizonte já alcançado por alguns segmentos, mas que para outros ainda não é terra à vista.

A boa notícia é que cada vez mais temos profissionais se aprofundando e se especializando para oferecer essas possibilidades de forma mais acessível. Deveremos chegar a um ponto em que poucas atividades poderão abrir mão da inteligência artificial. Se para você tudo isso ainda parece uma ilha distante, comece a se questionar: onde seria possível eliminar tarefas manuais? Em que momento o meu negócio exige pontos de contato? O que eu poderia fazer diferente se tivesse a informação correta? Qual processo toma mais tempo e gera menos valor? O que me trava na tomada de decisão?

Manter processos da mesma forma “porque sempre foram assim” é um luxo que em pouco tempo quase nenhum negócio poderá se dar. Mais que necessária, essa transformação poderá ser vital.

Mas volto a alertar que estratégia de dados e estratégia de negócios precisam navegar na mesma direção, conectando o início ao fim da cadeia. Informação, por si só, não é bote de salvação.

* Jaime de Paula, empreendedor de tecnologia. Engenheiro, PHD em Inteligência Artificial (UFSC), cursando pós-doc na Univalli, também em IA. Iniciou como executivo de grandes empresas como a BRFoods até fundar a Paradigma e depois a Neoway, onde foi CEO até junho de 2019. Mentor Endeavor e Darwin, investe em mais de 20 startups do ecossistema catarinense de tecnologia. Participa ativamente de projetos sociais como o Instituto Vilson Groh e os projetos Superando Barreiras e Mama Solidária.


Foto: Markus Spiske.