Haitiwaji, sobrevivente de “campo de reeducação” na China

Haitiwaji, sobrevivente de “campo de reeducação” na China

Sobrevivente de campo de "reeducação" na China conta casos de abuso psicológico dentro de campo de reeducação: bateram em uma mulher apenas porque esta parecia estar orando.

Por Redação em 28/02/2021

A sobrevivente Gulbahar Haitiwaji (nome alterado), que esteve em um “campo de reeducação contra extremismo religioso” para Uigures na China, contou sua história ao The Guardian.

“Depois de 10 anos morando na França, voltei à China para assinar alguns papéis, e fui presa. Nos dois anos seguintes, fui sistematicamente desumanizada, humilhada e sofri lavagem cerebral”, diz Haitiwaii.

Haitiwaii foi presa, entre outras coisas, porque sua filha participou de uma manifestação. Surpreendentemente, a prova da participação que o oficial chinês apresentou foi uma foto da garota.

Em suma, a jovem estava em Paris, com uma bandeira que governo chinês havia proibido, em uma das manifestações organizadas pelo ramo francês do Congresso Mundial Uigur.

Como a sobrevivente descreve o “campo de reeducação” da China

No dormitório, que ela dividia com outra “detenta”, haviam poucas coisas: um balde para fazer as necessidades e uma janela com veneziana de metal sempre fechada e duas câmeras girando para frente e para trás em cantos altos do cômodo.

Ou seja, não havia colchão, mobília, papel higiênico, lençóis ou pia.

A vigilância e os apitos eram constantes e ninguém podia recusar comida. Entretanto, os guardas alegaram que a comida era halal.

Além disso, havia muito desrespeito nas aulas teóricas. Haitiwaji relata, por exemplo, uma ocasião em que uma mulher na casa dos 60 anos fechou os olhos, provavelmente por exaustão, e a professora deu-lhe uma bofetada e gritou: “Acha que não vejo você orando? Você será punida!”.

Logo depois, os guardas a arrastaram para fora da sala. Ela, então, foi obrigada a escrever sua auto-crítica e a lê-la em voz alta quando retornou para a sala.

No começo de todos os dias, os confinados agradeciam ao Partido Comunista Chinês (PCC), e desejavam vida longa ao Xi Jinping. A noite, desejavam em voz alta que seu país crescesse e que todas as “raças” formassem uma única grande nação. Durante o dia, liam sobre todas as grandes conquistas da China.

Haitiwaji também conta como teve que chamar suas filhas e seu marido de terroristas.

Para saber mais detalhes da história de Haitiwaii, clique aqui.


Foto: Reprodução/YouTube.