Ricardo Salles faz autoavaliação e fala sobre Moro e Bolsonaro

Ricardo Salles faz autoavaliação e fala sobre Moro e Bolsonaro

Ele esteve em Valinhos e falou com o altavista.news.

Por Redação em 18/12/2021

Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, esteve em Valinhos nesta segunda-feira, dia 13, para dar uma palestra. Ele abordou temas diversos, como seu relacionamento com Sérgio Moro, acordos ambientais internacionais, acertos e erros de seu ministério, sua carreira política e também a crise de água na cidade.

O evento foi organizado pelo Movimento Decola Valinhos. Antes da palestra, Salles deu uma entevista para o altavista.news.

Quais foram o maior erro e o maior acerto de Jair Bolsonaro?

Bolsonaro herdou um governo resultante de vinte anos de aparelhamento da esquerda, então eu diria que um dos pontos positivos principais foi ele ter tentado manter-se fiel ao que ele propagou na campanha, o que não é nada fácil porque o Brasil é bastante complexo e vai exigindo novas posições a cada momento.

Talvez o maior erro do governo, e que foi reparado posteriormente, foi não ter chamado a classe política para vir participar do governo mais cedo. Você não faz política no Brasil sem a classe política, além nem no Brasil nem em nenhum lugar do mundo.

Então, talvez uma das coisas que poderiam ter sido feitas no começo, que foi feita depois, é chamar a classe política para participar do governo e, nessa lógica, construir alianças. Não dá para governar sem alianças.

Quais foram o seu maior erro e o seu maior acerto como ministro?

Acho que acertamos no ministério em elencar a agenda ambiental urbana como prioridade, ou seja, saneamento, a gestão do lixo e concessão de parques, chamando o setor privado para participar conosco.

Por outro lado, o maior erro foi a gente não ter adotado uma estratégia de comunicação com a sociedade para explicar os desafios e as dificuldades, tudo aquilo que encontramos e que precisava ser feito. Nós nos dedicamos muito a trabalhar e fazer a coisa certa, mas não demos o devido peso à comunicação.

Como era sua relação com Moro quando os dois eram ministros?

O Moro é uma pessoa muito fechada, muito calada. Ele nunca foi um ministro que participava das questões, inclusive a gente o vê dizendo que se posicionou sobre determinados assuntos, mas isso não é verdade.

Eu nunca vi o Moro em uma reunião de ministros se posicionar sobre assunto nenhum, o que torna evidente que essa afirmação dele de que ele tinha posições não é verdadeira.

Você está sendo alvo de dois inquéritos no STF, um deles envolvendo supostamente atrapalhar uma investigação a respeito de exportação ilegal de madeira. O que tem a dizer sobre essa situação?

Os dois inquéritos são absurdos e totalmente políticos. Os dois delegados da polícia federal que fizeram denúncia ao STF na verdade estavam em busca de holofote, estavam em busca de mídia.

Um transformou, na verdade, um pleito de senadores, deputados e várias autoridades públicas como se isso fosse ingerência no trabalho da polícia federal, e não foi. É para isso que temos deputados, senadores e autoridades, para representar o seu público, os seus eleitores, o seu Estado – e foi exatamente isso o que aconteceu. Não houve nenhuma irregularidade, aliás não há nenhuma irregularidade.

O outro, então, é mais absurdo ainda. Tentaram transformar uma legítima decisão do presidente do Ibama, que era uma decisão totalmente correta do ponto de vista técnico, em algo ilegal.

O delegado, como não se conformava com a posição do presidente do Ibama, resolveu tentar qualificá-la como algo ilegal, sendo que não era.

Eu, então, que não tinha nada a ver com isso, foi usado para “fazer mídia.”

Então os dois inquéritos são absolutamente ridículos. Assim como não deram em nada, não vão dar em nada em momento nenhum.


Foto: Marcos Parodi