EUA e China fizeram acordo que prevê sigilo eterno e destruição de dados do Instituto de Virologia de Wuhan

EUA e China fizeram acordo que prevê sigilo eterno e destruição de dados do Instituto de Virologia de Wuhan

Documento assinado pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pela Universidade do Texas em 2017 prevê a eliminação do que chama de “arquivos secretos”, sem a preservação de “quaisquer backups”; NIH deletou 13 sequências genéticas a pedido de cientista chinês .

Por Redação em 15/06/2022

Estados Unidos e China fizeram acordo que prevê sigilo eterno e destruição de dados do Instituto de Virologia de Wuhan.

“Promover a cooperação entre a China e os Estados Unidos em pesquisas para controlar doenças infecciosas, proteger a segurança laboratorial e a saúde global.” Esse é o objetivo declarado do “memorando de entendimento” assinado pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pela Universidade do Texas em 2017 – e revelado agora, em 2022, pela ONG americana US Right to Know (“Direito dos Estados Unidos de Saber”), que obteve o documento por meio da lei americana de acesso à informação (FOIA). 

O acordo prevê parcerias em pesquisas, mas a cláusula 16 chama atenção. Intitulada “Confidencialidade”, ela começa dizendo que “toda a cooperação e troca de documentos, dados, detalhes e materiais deverá ser tratada como informação confidencial pelas partes” e também afirma que “a obrigação de confidencialidade deverá ser aplicável durante a vigência deste Memorando e depois que ele tiver terminado”.

Ou seja, o documento estipula um sigilo perpétuo entre o Instituto de Wuhan e a Universidade do Texas.

Mas o ponto mais intrigante vem em seguida. “Cada parte tem o direito de solicitar à outra que destrua e/ou devolva os arquivos secretos, materiais e equipamentos, sem [a preservação de] quaisquer backups”. 

Prever a destruição de dados e proibir a conservação de backups é totalmente contrário à rastreabilidade e à transparência que caracterizam a boa prática científica.

O documento é assinado por Carolee A. King, vice-presidente sênior da divisão médica da Universidade do Texas, e por Chen Xinwen, diretor geral do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV).

A Universidade do Texas não foi a única instituição americana a colaborar com o WIV.

Em maio de 2014, o National Institutes of Health (NIH), ou Institutos Nacionais de Saúde, que é parte do departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, iniciou um projeto conjunto com o WIV. Seu objetivo era estudar e modificar geneticamente os coronavírus de morcego.

Questionado pela imprensa americana, o NIH confirmou ter apagado os dados, e disse que fez isso a pedido do cientista chinês que havia colhido e analisado as amostras, sem revelar a identidade do profissional.

Conheça a ONG que conseguiu o documento assinado pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pela Universidade do Texas

A Organização Não Governamental US Right to Know foi fundada em 2015. Ela ganhou projeção ao obter emails internos da Monsanto – que acabaram publicados no New York Times. Agora, vem se notabilizando por conseguir, através da Justiça, documentos e emails relacionados à busca pelas origens do Sars-CoV-2. 

Entre o final de 2019 e o começo de 2020, a China também apagou da internet um banco de dados sobre os vírus estudados no WIV (que ficava disponível no endereço batvirus.whiov.ac.cn). Entretanto, a destruição de dados era uma política prevista no acordo e também pode ocorrer por parte dos Estados Unidos. Em junho de 2021, o biólogo americano Jesse Bloom descobriu que o National Institutes of Health havia deletado as sequências genéticas de 13 amostras do Sars-CoV-2

Na quinta-feira (09/06/2022), um grupo de cientistas reunido pela OMS para estudar a origem do coronavírus afirmou que a tese zoonótica (de que ele veio de algum animal) ainda é a mais provável, mas recomendou a realização de “mais investigações” sobre a hipótese de vazamento do vírus.

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