O livro conta a história de 3 assaltantes que atacam vítimas com spray de pimenta, uma arma de fogo e um enorme machado vermelho.
Um dia, em veículo assaltado, eles encontram uma “pequena órfã”. Os três ladrões levam a orfã para morar com eles.
Repetindo: os assaltantes sequestram a criança que passa a morar com 3 criminosos, homens adultos.
Mas o tom é muito fofo.
Eles então decidem comprar um castelo com o dinheiro dos assaltos, e arrebanhar dezenas de órfãos para viver com eles.
Faça uma pausa e pense um pouco sobre o que está escrito cima.
Pense que isso é leitura obrigatória de algumas das escolas da elite do Rio.
O livro torna o sequestro de uma criança – para ir viver com assaltantes – uma coisa fofa. Isso em um mundo em que milhares de crianças desaparecem todos os anos, e uma das primeiras recomendações dos pais é “nunca fale com estranhos”.
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Ah, mas não acabou ainda.
Na fofa apresentação inicial, o livro nos informa que o autor “é um sujeito muito humano que acredita que a sensualidade, a malícia e os sete pecados capitais merecem todos um lugar nos livros infantis“.
Crianças de 8 anos, extremamente vulneráveis, são expostas a esse lixo e a outros livros semelhantes.
O resultado, para algumas delas, vai ser uma vida marcada por revolta vazia, sexualidade exacerbada, romantização do crime e servidão ideológica.
Assim que possível, ainda hoje, dê uma olhada nos livros dos seus filhos.
Nós, pais, somos a única chance que eles têm contra essa covardia.
* Texto por Roberto Motta.
Foto: Reprodução/Sapomag