Vivemos dias muito desafiadores. Principalmente em relação às liberdades individuais. Dias em que não se pode expressar com clareza e verdade os princípios mais elementares de conduta e ética sem se constranger pela ditadura da informação dos grupos que detém poder de comunicação.
A liberdade de expressão é garantida pela Constituição Federal de 1988, principalmente nos incisos IV e IX do artigo 5º. Enquanto o inciso IV é mais amplo e trata da livre manifestação do pensamento, o inciso IX foca na liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Contudo, respeitar essa máxima não tem sido um objetivo de muitos juristas, muito menos dos formadores de opinião – tampouco da mídia.
Os dias começam e terminam com doses intermináveis de desinformação, atreladas à politização binária e maniqueísta, limitante e excludente do bom senso e dos bons costumes, e infectam a sociedade com um dos piores vírus que existe, desde a antiguidade: a ignorância.
Quem dera pudéssemos escolher a definição de Sócrates para conceituar a ignorância, “Quando se admite a ignorância abre-se a porta da sabedoria”. Mas não podemos elege-lo como uma voz em nossos dias, pois a falta de bom senso em admitir que não se tem a completa razão em um ser, que a riqueza social se mostra na sociedade; e que preservar as liberdades do individuo tem tudo a ver com enriquecer o debate e opiniões sociais – tem nos conduzido a embates duros e até uma ruptura social preocupante no Brasil.
Leia também
A ditadura do politicamente correto
A ditadura da informação fez uma aliança com a ditadura do politicamente correto, e espalhou – em massa – a incapacidade de selecionar fatos, julgar posturas, aceitar parcialmente ideias e concordar com o bom senso. Ao invés disso, polarizou os grupos e ainda designou aqueles que resistem sua influência como insensatos, insensíveis, “gado” etc. Pergunto: onde está a coerência desses canais que liberam dissensão social e não trabalham pelo comum, pelo que é de todos, pelo progresso da nação? Não seria a saúde, a vida, a segurança, os acessos à educação e à prosperidade econômica, interesses comuns, de toda a sociedade? O que esse grupo perde em deixar que os indivíduos pensem, analisem e tirem suas conclusões dos fatos?
Não é difícil notar que a ditadura da informação utilizou como isca as vulnerabilidades sociais para se firmar. Protegeu, entre aspas, algumas classes e minorias enquanto marginalizou valores que sustentam em honra qualquer sociedade. A verdade, por exemplo, deixou de ser defendida, já que uma mentira bem contada ganha mais influência e mobiliza com mais facilidade os que doam seu bom senso. A honra, nesse mesmo caminho, passou a ter conotação de privilégio, e tornou hostil quem a detém. Se falarmos na tradição então, aqui encontramos mais sensibilidade: porque ser tradicional e conservador tornou-se um crime diante de uma ditadura que geme por liberdades enquanto enclausura cidadãos de bem, em troca de suprimir seus valores.
Cada um de nós tem ampla responsabilidade em lutar por defender o que acredita, mas além disso, de combater a massificação de uma conduta “mi mi mi” e pouco tolerante com o que até hoje provou ser a liga social de desenvolvimento e progresso; continuidade e prosperidade: liberdade, respeito, verdade, trabalho e toda espécie que deriva dos bons costumes.
Foto: Niklas Hamann.