Colégio militar: educar ou formar o caráter?

Colégio militar: educar ou formar o caráter?

Uma análise sobre o papel da educação na formação do indivíduo e a opção pela escola militar.

Por Reinaldo Camargo em 29/05/2020

Quais foram os eventos ocorridos na sociedade ao longo do tempo, que levaram ao entendimento de que a única saída para uma educação séria, será colocar seu filho em um colégio militar?

Após a última eleição presidencial, nos deparamos com manifestações fervorosas em relação ao militarismo, muito se deve ao fato de que as pessoas, tenham a sensação de que o Estado perdeu o controle, controle este que na visão de uma parte dos 58 milhões de eleitores do atual presidente, está na mão dos militares.

Também é verdade que as famílias, de alguma forma, perderam o controle de seus filhos, já que a nova didática proposta por educadores contemporâneos e demasiadamente liberais, a conversa, deve ser a única maneira de se educar, que o medo não deve imperar na tentativa de educar um novo indivíduo.

As pessoas, sejam elas apoiadoras de uma nova ordem imposta por militares, ou sejam elas pessoas que não querem nem pensar nesta alternativa, resolveram que a educação deve ser tratada pelos professores e não é incomum encontrarmos pais que confundem educação com formação de caráter.

A função do professor não é formar o caráter de um cidadão e sim instruir, conduzir e disseminar o conhecimento. Ao professor não cabe pensar que ele é obrigado a formar caráter, que muitas vezes nasce do convívio com outros e do entendimento de que seus direitos acabam quando iniciam o do outro.

Os pais, no entanto, devem, por meio da educação intra familiar, mostrar caminhos de relação de convívio, mostrar a importância da honestidade e dar exemplos e realmente ter atitudes que não implicam diretamente ao conhecimento, e sim, formam caráter por exemplos vistos e seguidos por um indivíduo. Estes mesmos pais que, por muito tempo, por ocasião da troca dos afazeres domésticos da mãe, dos afazeres do pai, foram sendo deturpados e não mais conduzem o caráter de um indivíduo em sua casa, eles conduzem ao que eu chamo de modo piloto automático da criação.

O piloto automático da criação é o pai que sai para trabalhar, prover a casa e no final do dia assistir seu jornal e depois dormir. Neste mesmo modo, está a mãe, que hoje trabalha, ajuda no provimento ou até em muitos casos é a provedora maior da casa e quando muito, pergunta ao seu filho, como foi o dia filho.

Ambos estão desinteressados em seus filhos na plenitude. Este modo automático requer compra dos filhos – que quer algo e os pais dão – como forma de troca do não participar ou de forma de troca de não ter de agir. Isto só contribui negativamente na formação do indivíduo no contexto presencial do próprio filho.

Este modo piloto automático da criação, por vezes e por conta da pressa, do stress e do medo de fracassar como família,  quando um pai recebe uma carta ou um aviso da escola, na qual a escola expõe seus fracassos ou problemas, não é incomum que os pais entendam que a escola não esta fazendo o trabalho deles e sim tentando jogar a culpa da criação nos pais, já que estes problemas, na visão destes pais, não deveriam ser trazidos da escola, neste momento. Poucos pais acordam para o sentido de tudo isto, que é se perguntar: o que fazer?

Estes acontecimentos todos, somados a percepção de boa parte dos pais que eles necessitam de ajuda para retomar o controle da criação na formação do caráter, nasce o apelo ao que conhecemos de grupo militar, como forma de, por meio do compromisso, seriedade, disciplina e hierarquia, seja possível reverter o quadro antes dado como perdido.

Em próximo artigo descreverei os caminhos propostos pelo colégio militar e as alternativas postas que, segundo indicam, são um sucesso educacional.


Foto: divulgação.