Uma campanha pelo voto impresso foi lançada por Bia Kicis, deputada federal e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O objetivo é, em síntese, que a urna eletrônica imprima um papel confirmando seu voto antes de você terminar a votação. Aliás, a hashtag #VotoAuditavelJa ficou entre os assuntos mais comentados do Brasil hoje.
Entretanto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, e o Supremo Tribunal Federal rechaçaram a pauta afirmando que ela é um “risco ao sigilo e liberdade de voto”.
Jornal da USP, Diego Aranha e a campanha pelo voto impresso
Diego Aranha, ex-professor da Unicamp e atualmente professor associado da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, afirma que as urnas eletrônicas são vulneráveis e se posicionou diversas vezes a favor do voto impresso. De fato, Aranha já participou de vários testes com as urnas e sempre se mostrou insatisfeito em relação ao que ele e sua equipe encontraram.
De acordo com o artigo As urnas brasileiras são vulneráveis, publicado no Jornal da USP e escrito por Walter Del Picchia: “O fato é que as urnas eletrônicas brasileiras são as mais atrasadas dentre as usadas na dezena de nações que praticam a eleição eletrônica. Elas não permitem saber se o voto gravado corresponde ao voto dado e não possibilitam auditoria”.
Apesar de Barroso ter expressado as preocupações mencionadas acima, tanto o artigo quanto Aranha atestam que a impressão não compromete o sigilo do voto: o eleitor não irá retirar o papel da sala, ele serve apenas para confirmação de que o voto está contabilizado e para possível auditoria.
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Testes com urnas eletrônicas
Diego e sua equipe participaram de dois dos três testes de segurança do TSE entre 2012 e 2017.
No artigo Vulnerabilidades no software da urna eletrônica brasileira, de março de 2013, ele descreve que o sistema da urna oferecia uma “proteção inadequada do sigilo do voto; cifração inadequada; utilização de algoritmos obsoletos; formulação equivocada do modelo de atacante; processo de desenvolvimento defeituoso e verificação insuficiente de integridade”.
Em 2017, eles conseguiram adulterar o software de votação para trocar os programas instalados nas urnas eletrônicas por versões maliciosas antes de uma eleição simulada. Surpreendentemente, uma das vulnerabilidades utilizadas já havia sido reportada em 2012.
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Foto: Reprodução/Facebook.