Bispos temem que possuir uma Bíblia possa ser considerado crime de ódio

Bispos temem que possuir uma Bíblia possa ser considerado crime de ódio

Um controverso projeto de lei escocês tipifica incitação ao ódio como crime. Uma vez que o conceito de incitar ódio é subjetivo, juristas, religiosos e policiais temem que ele possa comprometer a liberdade de expressão no país.

Por Redação em 01/08/2020

Um projeto de lei da Escócia sobre crimes de ódio e ordem pública visa atualizar a legislação e ampliá-la, criando novas definições do que é ofensa relacionadas a “despertar ódio” em relação à idade, deficiência, religião, orientação sexual, “identidade de gênero” e raça.

Bispos católicos da Escócia temem a possibilidade de que possuir uma Bíblia se torne uma ofensa.

Por que os bispos estão preocupados que possuir uma Bíblia possa ser considerado crime de ódio?

A sessão cinco classifica como ofensa possuir “material inflamatório”. O problema é que definir “material inflamatório” é um tanto subjetivo.

O ex-deputado Jeans Willys, por exemplo, que disse há alguns anos que o Papa é um genocida em potencial, talvez encaixasse a Bíblia nessa categoria.

Talvez para outras pessoas o livro O Capital, cujas ideias inspiraram o assassino Stalin, se encaixe nessa categoria.

A respeito da situação, a Conferência Episcopal da Escócia afirmou que “qualquer nova lei deve ser cuidadosamente ponderada com base nas liberdades fundamentais, como o direito à liberdade de expressão e liberdade de pensamento, consciência e religião”.

Segundo os bispos, o “ódio não está definido claramente, o que o deixa aberto a uma ampla interpretação” e “a criminalização de uma conduta é uma etapa séria que não deve ser feita de forma leviana”.

Eles ressaltam ainda que os direitos à liberdade de expressão individual “devem ser suficientemente robustos para proteger a liberdade de discordar”.

O que juristas e policiais dizem a respeito

A Federação Policial Escocesa, que representa 98% dos policiais, concorda com os bispos e afirmou que o projeto “parece paralisar a liberdade de expressão na Escócia”.

Segundo a Federação, a fiscalização de discursos pode prejudicar a relação entre a população e os policiais. Seriam os policiais, afinal, que reportariam e prenderiam pessoas que fizessem algo que possa ser classificado pelo governo como “crime de ódio”.

A Law Society of Scotland (Sociedade de Direito da Escócia) também expressou preocupação quanto ao projeto de lei, que “poderia ameaçar a liberdade de expressão” e também que “falta clareza”.

O que o governo disse a respeito

A secretária de justiça Humza Yousaf disse que o governo era “absolutamente explícito” [em relação ao que é incitar o ódio e o ódio] e que a liberdade de expressão não estava sob ataque e que o governo estava comprometido em “garantir que a Escócia seja um lugar onde haja tolerância zero ao crime de ódio”.

Um porta-voz do governo escocês disse que “as crenças religiosas são parte integrante da sociedade escocesa e este projeto de lei não muda isso de forma alguma”.

Para ler a matéria completa, acesse o site The Scotsman


Foto: Thought Catalog.