Autonomia do médico é defendida pela AMB

Autonomia do médico é defendida pela AMB

A Associação Médica Brasileira defende autonomia do médico. Em comunicado, a AMB aponta a utilização de fármacos para tratamento da Covid-19.

Por Redação em 23/07/2020

A Associação Médica Brasileira defende autonomia do médico. Este foi o título do comunicado emitido pela AMB – Associação Médica Brasileira, no dia 19/07/2020, referindo-se justamente a utilização de fármacos para tratamento ou quimioprofilaxia da Covid-19, a doença causada pelo vírus chinês.

A avaliação da AMB é que até o momento não existem estudo seguros, tampouco definitivos, sobre a questão, e mesmo os mais recentes estudos lançados apontam fragilidades que impedem que eles sejam considerados conclusivos.

As limitações da eficácia de alguns medicamentos são alertadas pelos próprios autores, e segundo a AMB, “solenemente ignoradas por aqueles que parecem torcer pelo coronavírus”, aponta o comunicado, que cita ainda que o excesso de holofotes alimentam a vaidade e ofuscam a percepção sobre a tênue fronteira entre o campo técnico-científico e o campo político/ideológico/partidário.

O caso emblemático da revista The Lancet

A revista The Lancet divulgou em 22 de maio de 2020 os resultados de uma pesquisa que aparentemente comprovaria a ineficácia da hidroxicloroquina no combate à Covid-19. O editorial da revista comemorava o resultado, bem como algumas pessoas e entidades. “Ficava claro ali que a discussão havia sido politizada. Afinal, o que justificaria tamanha euforia diante de notícia tão frustrante para a saúde da população? E justamente em um momento de ausência de tratamentos efetivos”. Dias depois, a revista The Lancet emitiu nota se desculpando pelo ocorrido e informando que iria tirar o ar o estudo a pedido dos autores.

O cunho político em torno da hidroxicloroquina deixará um legado sombrio para a medicina brasileira. Segundo o comunicado, caso a autonomia do médico seja restringida, como querem os que pregam a proibição da prescrição do medicamento.

“É importante lembrar que o uso off label de medicamentos é consagrado na medicina, desde que haja clara concordância do paciente. E que, sem a prática do off label, diversas doenças ainda estariam sem tratamento. Não se trata de apologia a este ou àquele fármaco. Trata-se de respeito aos padrões éticos e científicos construídos ao longo dos séculos.”

Segundo a AMB, é provável que cheguemos ao final da pandemia sem evidências consistentes sobre tratamentos, pois estudos adequados são caros e levam algum tempo para se tornarem conclusivos. E, como no caso da hidroxicloroquina, um medicamento suficientemente barato, não há interesse da indústria em financiá-lo.

Veja na íntegra o Comunicado emitido pela Diretoria da AMB.


Foto: CDC.