As redes, a velha mídia e o novo normal da informação pública

As redes, a velha mídia e o novo normal da informação pública

Olímpio Alvares fala sobre a evolução do jornalismo digital e como a velha mídia militante perde cada vez mais espaço para estas novas mídias.

Por Olimpio Alvares em 03/10/2020

Mensagem de um ouvinte no dia do aniversário de uma grande emissora de radio especializada em notícias, ícone da velha mídia:

“Parabéns a esta emissora por estes tantos anos de sucesso! Sempre fui um assíduo ouvinte desta radio. Acompanho há décadas a evolução do espírito do jornalismo brasileiro mainstream. Mas, nos últimos tempos – pela notável emergência, qualidade e pluralidade do jornalismo digital – venho gradualmente me afastando de vocês.  

Confesso que gostaria de vê-los virando esta surrada página atual; me desaponto com esse irritante “mi-mi-mi” ressentido, martelado diuturnamente, sobre ataques de divergentes, agressividade de postagens e as chamadas fake news – sempre presentes nas redes sociais, mas não só nelas. A notícia falsa é eterna companheira, desde muito antes da invenção da imprensa.

A prevalência das redes é um fenômeno que chegou para ficar, é o novo e inexorável normal. Aceite-o, adapte-se com serenidade. Vocês não podem mais se esconder no fresco ar condicionado das aparelhadas redações de grandes jornais e nos estúdios de radio e TV, com seu confortável monopólio do megafone e da “verdade absoluta oficial”.

Preste atenção: nenhuma agência verificadora da verdade de postagens, teleguiada por algoritmos com tapa-olho, e nenhum intolerante criminoso bem remunerado a serviço do Google, Twitter ou do covarde Sleeping Giants – por mais que tentem – irá resgatar seu medíocre passado de glórias.

A velha mídia e a democracia

A democracia tem espinhos; o que vivíamos antes no jornalismo era o paraíso da manipulação com lado, tutelado por uma ideologizada agenda política única. Mas, isso já faz parte do passado; nos livramos dos grilhões, nos livramos de vocês, temos enfim uma infinidade de alternativas. Inquietos, aprenderemos sozinhos, e com independência, a diferenciar o joio do trigo, em meio à bruta avalanche de informações.

Liberdade de expressão é o direito garantido de se expressar, até mesmo para mentir… esta é a beleza da democracia”.

*Olimpio Alvares é engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1981, Diretor da L’Avis Eco-Service.


Foto: Rami Al-zayat.