A popularidade de Bolsonaro: um olhar crítico e o tapa no rosto da “velha” política

A popularidade de Bolsonaro: um olhar crítico e o tapa no rosto da “velha” política

A popularidade de Bolsonaro é percebida quando dezenas de milhares de pessoas acompanharam o presidente também em momentos rotineiros.

Por Rodrigo Cavalo em 19/06/2021

No sábado (12/06/2021) o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), fez sua tradicional motociata, desta vez em São Paulo, dezenas de milhares de motociclistas e pedestres, que acenavam nas calçadas, acompanharam o presidente em um trajeto com cerca de 120 quilômetros, saindo da Zona Norte da cidade e terminando na região do parque do Ibirapuera, onde discursou. Este é o terceiro evento desse tipo no ano, que já reuniu milhares de motociclistas em Brasília e Rio de Janeiro, também foi o maior em número de participantes e, estará marcada como a maior motociata da história mundial.

De onde vem tanta popularidade de Bolsonaro?

O atual presidente, que se elegeu sem filtro, sem o politicamente correto, sem pedestal polido e próximo a realidade do povo, continua assim, é o mesmo! Anda de moto, come pastel na feira, entra em mercado, padaria e joga sinuca no bar. Em suas viagens é normal descer de helicóptero em alguma cidade do interior e se relacionar com seus habitantes, algo nunca antes visto.

A vitória nas urnas em 2018, não foi apenas por ser conservador, defender os valores cristãos ou ser honesto, sua vitória deriva de sua própria transparência, sem nenhum freio na língua, fala o que pensa de forma simples e objetiva, quem nunca fez isso, ou nunca teve vontade de falar umas verdades? Essa transparência, associada a outros valores e virtudes, fizeram que o Jair, homem de atitudes simples, fosse eleito presidente do Brasil se tornando um ícone na política brasileira e mundial.

Como podemos ver ao longo dos últimos anos, o atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, não deixou de ter contato com seu público, um “tapa no rosto” de “velhos” políticos, acostumados a só enfrentar a popularidade de quatro em quatro anos e, mesmo assim, muito bem cercado pelos correligionários.

Qual político se arrisca?

Talvez querendo ter a mesma atitude de presidente brasileiro, vimos o presidente francês, Emmanuel Macron, correr para os braços do povo, porém em uma atitude inesperada acabou levando um tapa no rosto, por um cidadão presente. Uma atitude isolada? Sim. Pode acontecer com Bolsonaro qualquer dia desses? Sim, porém temos que analisar não somente esses fatos para termos uma ideia da popularidade de um político. Lembrando que o próprio presidente, quando candidato, foi esfaqueado.

O fato é que tal agressão pode ou não representar os desejos da maioria da população.
Quando o movimento de Direita, foi tomando forma nas manifestações de rua em 2013, culminando com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016, um fato não passou despercebido, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves, ambos do PSDB, foram hostilizados por manifestantes quando chegaram na Avenida Paulista, em um domingo de manifestação.
Vejamos, o então governador na época, Geraldo Alckmin, estava em seu quarto mandato por São Paulo, sendo eleito por aqueles que naturalmente não queriam a esquerda mais radical. O então Senador da república, Aécio Neves, havia concorrido com a própria Dilma Rousseff, para presidente da república e teve milhões de votos, grande maioria, pelos mesmos eleitores que estavam nas ruas, manifestando contra o governo do Partido dos Trabalhadores.

Resumindo, foram hostilizados pelos seus próprios eleitores!

Isso nos faz analisar, que há uma grande diferença quando sua popularidade é testada no período de campanha ou entre elas, nas vésperas das eleições, nós eleitores temos que decidir, entre esse ou aquele candidato, entre um ou outro partido, o que torna mais seguro para o candidato se arriscar entre seu público. Agora quando o político está no meio de seu mandato, as circunstâncias mudam, as cobranças são maiores até mesmo por aqueles que confiaram seu voto nele.
Se analisarmos os políticos que deveriam estar mais próximos ao povo, por sua própria essência, veremos que esse fato também é raro, salvo um ou outro, isso pouco acontece entre Prefeitos e Vereadores e, não estou falando somente em tempo de pandemia, prato cheio para políticos que amam se isolar. Estamos falando em um contexto geral, quantos vereadores já retornaram em sua casa após vencer a eleição? Quantos prefeitos se arriscam pelo centro da cidade a pé, em um dia qualquer, que seja para fazer compras? Sim, me lembro somente do prefeito de Colatina.

Talvez, isso explique um pouco da popularidade do presidente, enquanto vemos poucos políticos ou quase nenhum se arriscar no meio do povo, temos uma grande exceção, Jair Bolsonaro.

Rodrigo Cavalo é bacharel em Direito e pós-graduado em Direito e Processo do trabalho. Crítico por natureza.


Foto: Agência Brasil/ Alan Santos/PR.