Renato Janine Ribeiro e Gregório Duvivier resolveram discorrer sobre liberalismo. Criaram a “Dilma liberal”.
Tentaram argumentar que Dilma e Lula tomaram medidas liberais. Ora, ambos abertamente apoiaram regimes socialistas. Como pode um socialista tomar medidas a favor do livre mercado se a base do socialismo é o controle estatal do mercado (sendo que esse controle, em teoria, serviria para amenizar as desigualdades sociais)? Ou não são de esquerda e enganaram os esquerdistas, ou Duvivier e Janine se equivocaram redondamente.
A linha de raciocínio deles foi: para haver livre mercado é preciso que haja igualdade de oportunidades. Portanto programas como Bolsa Família serviriam a propósitos liberais.
Socialistas e adeptos de linhas mais light derivadas do socialismo advogam, como Duvivier fez, que todos devem ter oportunidades iguais e que isso deve ser garantido pelo Estado.
O problema dessa fome socialista por igualdade material é que não somos todos iguais. Cada indivíduo é bom em coisas diferentes, aproveita de forma diferente as 24 horas do dia, toma níveis diferentes de riscos e deseja coisas diferentes. Vão todos, obrigatoriamente, colher coisas diferentes porque plantaram coisas diferentes.
Países que tentaram corrigir essa desigualdade material levando a fundo a cartilha socialista, estatizando diversas empresas e regulando seus mercados fortemente, terminaram com uma porcentagem enorme de pessoas pobres, várias passando fome, enquanto os membros do partido usufruem do melhor que o capitalismo tem a oferecer.
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O liberalismo não é uma ideologia que visa corrigir a desigualdade material via estado. Ela trata da questão da pobreza, mas por outra óptica que será tema de outro texto. O liberalismo se foca mais na igualdade de autoridade – ou seja, um indivíduo não deveria ser obrigado a se sujeitar a outro indivíduo. Quanto mais poder damos ao Estado (dando na prática às pessoas que incorporam o Estado) maior será a desigualdade de autoridade entre o corpo estatal e o indivíduo.
Um Estado socialista é, por definição, um Estado que interfere muito na economia e, na prática, tamanho poder acaba gerando cerceamento da liberdade de expressão e de outras liberdades individuais, até o ponto em que o indivíduo só tem como alternativas se mudar (se o Estado permitir que ele se mude), acatar as regras sem reclamar ou enfrentar diversas penas. É por isso que liberais e libertários não veem o Estado como a melhor opção no combate à pobreza.
Dizer que um modelo econômico que preza pelo livre mercado e por liberdades individuais e um modelo econômico que preza por interferência estatal e pela sujeição do indivíduo ao coletivo são compatíveis é o mesmo que dizer que algo subiu para baixo. Faz tanto sentido quanto deixar a meta em aberto para depois dobrar a meta. Ou tanto sentido quanto dizer que alguém é cristão, mas é ateu.
Com informações do ILISP.
Foto: divulgação.